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“Estender os campeonatos para 2021 é muito perigoso” considera Miguel Barbosa

Miguel Barbosa regressou ao todo-o-terreno após alguns anos nos ralis, mas a atual situação de suspensão de provas devido ao estado de emergência coloca em cima da mesa vários cenários para o futuro.

Para o sete vezes campeão nacional de TT estender os campeonatos deste ano para o próximo é algo que pode prejudicar muito a temporada seguinte, como fez questão de salientar numa entrevista à Golo FM e a V Motores, conduzida pelo nosso colega Joaquim Amândio Santos.

Fotos: AIFA

Para já Miguel Barbosa preocupa-se em cumprir a quarentena a que estamos obrigados, mantendo-se com a família em casa, esperando melhores dias que permitirão o regresso à normalidade e à competição automóvel, suspendida pela Federação na altura devida.

“Obviamente que não é fácil a habituação. O dia-a-dia é tentar manter o máximo de rotinas. Tentar manter a normalidade neste caso que é bastante peculiar, e algo único que estamos a viver nas nossas vidas, e uma das partes importantes é o nosso físico, porque corpo são mente sã”, refere o piloto de Lisboa.

Miguel Barbosa faz também que a preparação física se estenda à família: “Tento fazer isso com os miúdos. É importante que façam um bocadinho de ginástica. E será fundamental esta parte física e quando retomarmos as corridas estarmos em forma, porque vai haver aqui um período longo de espera”.

O regresso ao todo-o-terreno exige mesmo uma abordagem profissional, pois o piloto lisboeta sempre se entregou totalmente ao que faz; “Depois de termos vencido sete campeões nacionais só queríamos regressar para alcançar a vitória e conquista do título. Nem sempre precisamos de vencer as corridas todas para ser campeões, mas queríamos entrar na máxima força. Fizemos de tudo para estar à partida em Beja, mas tal não foi possível”.

“Adoro provas no Alentejo, acho que é o palco perfeito para as provas de todo-o-terreno. O campeonato nacional estava a precisar de novas provas. Consegui depois alinhar na Baja ACP. Preparamos-nos bem, fizemos o nosso trabalho de casa. Acho que temos um carro fantástico. Fizemos dois bons dias de testes antes da Baja. Demos o nosso melhor, fui bem ‘navegado’ pelo Pedro Velosa, como sempre. Fizemos uma excelente prova e arredamos a pontuação máxima. Por isso foi começar com o pé direito”, sublinha o ex-campeão nacional de TT.

Miguel Barbosa admite que sonha voltar ao Dakar, onde competiu por três ocasiões, sendo que a América do Sul o afastou da prova ‘rainha’ do todo-o-terreno mundial. Mas admite: “Agora com a Arábia Saudita torna-se interessante para nós portugueses, pois as etapas acabam mais cedo, para fazer chegar boas imagens a tempo a Portugal. É mais fácil”.

“Este ano fui assistir ao Dakar, fui sentir o que esta prova. Gostei bastante. Acho que é um palco perfeito para a corrida nos próximos três anos. Por isso porque não no futuro, se os nossos patrocinadores quiserem, voltar ao Dakar. Eu gostava bastante, embora o nosso foco agora é o campeonato nacional”, faz questão de frisar.

Miguel Barbosa enfatiza: “Quero ser novamente campeão. Esse é o nosso objetivo. Infelizmente estamos neste impasse. Vamos ver o que será 2020 em termos de corridas e resta-nos aguardar serenamente. E cá estaremos para retomar em força”.

Sobre a atual paragem do campeonato, o piloto de Lisboa elogia a decisão da FPAK: “Acho que a Federação tomou as medidas que eram necessárias tomar na altura certa. Por isso a suspensão das provas foi o caminho certo. Penso que agora o passo mais importante será o planeamento do futuro do campeonato deste ano, e sobretudo que essas provas não ponham em causa a época de 2021”.

“Estender os campeonatos para 2021 é muito perigoso e não concordo, mas tenho plena confiança na Federação, que irá tomar as melhores decisões. Seguramente que não poderemos ter todas as provas que estavam planeadas, num espaço tão curto de tempo. E no todo-o-terreno há algo muito peculiar, pois não nos podemos esquecer que temos algo chamado Dakar, onde muitas equipas têm carros, têm mecânicos, têm meios. Por isso complica a estratégia de prolongar o campeonato até janeiro de 2021”, remata Miguel Barbosa.

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