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Estatísticas de público nas touradas “não são credíveis”

Segundo a plataforma Basta, o número de ingressos nas touradas não ultrapassa metade das estimativas apresentadas pela Inspeção-Geral das Atividades Culturais (IGAC), cujos dados “são obtidos sem rigor nem credibilidade”. Em 2017, o número de touradas foi o mais baixo de sempre.

A plataforma Basta divulgou um comunicado onde denuncia que – ao contrário do que acontece com outros espetáculos realizados em Portugal – “os dados referentes ao público que assiste a touradas são obtidos sem qualquer rigor ou credibilidade”.

O público que assiste a touradas é contabilizado através de uma “estimativa” realizada pelos Delegados Técnicos Tauromáquicos, que “em cada espectáculo indicam sem contabilização alguma o número de espetadores presentes na praça de touros”.

A plataforma cita o Relatório da Atividade Tauromáquica de 2017 da IGAC, que refere que “o número de espectadores é apurado por estimativa de ocupação através da verificação efetuada pelos delegados técnicos tauromáquicos e com base na lotação definida pela IGAC para as praças fixas e a lotação padrão de 1200 lugares para as praças ambulantes”.

“Mais estranho se torna, quando comparamos os dados contabilizados pelo INE (Instituto Nacional de Estatística) até 2010 com os que são apresentados pela IGAC”, adianta a Basta.

“Tal situação é incompreensível e transmite uma dimensão à atividade tauromáquica que na realidade ela não tem. A plataforma Basta já questionou a IGAC sobre a utilização deste método, desprovido de rigor e credibilidade, sem que tenha existido uma explicação para este facto”.

Recuando ao ano de 2010 (último ano em que o INE contabilizou os bilhetes vendidos e oferecidos para touradas) e comparando os valores com as estimativas da IGAC, o INE contabilizou nesse ano 311 900 espectadores nos espetáculos tauromáquicos, enquanto a IGAC apresentou um valor total de 681 140 espectadores – ou seja, mais do dobro do número real.

De acordo com o INE, as touradas tinham menos público que os espetáculos de teatro, concertos de música clássica, concertos de música ligeira e folclore.

Ao longo da temporada 2017, a plataforma Basta realizou uma estimativa própria com base nas observações efetuadas no terreno e nos dados disponibilizados publicamente, nomeadamente informação publicada na imprensa tauromáquica, e chegou à conclusão que o número de espectadores das touradas é claramente inferior a 200 mil (que corresponde a uma média de 1100 espectadores por tourada), ou seja cerca de metade dos valores que são apresentados pela IGAC.

Além da “falta de rigor na obtenção dos números”, há que ter em conta que os delegados técnicos tauromáquicos “são pessoas fortemente ligadas ao meio tauromáquico, alguns deles antigos forcados, empresários ou ganadeiros e que existe uma preocupação assumida no meio em esconder o crescente desinteresse dos portugueses pelas touradas”.

Em 2017, registou-se mais uma vez, “um decréscimo no número de espectáculos tauromáquicos realizados, com o número mais baixo de sempre de touradas organizadas em Portugal”.

“Assim sendo, mais se estranha que, ao contrário da tendência decrescente desde 2010, o número de espectadores possa ter subido”.

A Basta exige que a IGAC “passe a contabilizar o número de bilhetes vendidos nas touradas organizadas em Portugal, em nome do rigor e da transparência, para que seja correta a verdadeira dimensão pública das touradas no nosso país”.

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