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Estão ameaçadas 68% das áreas protegidas da Amazónia

Cerca de 68 por cento das áreas de proteção e conservação da Amazónia, que incluem territórios indígenas, estão ameaçadas por indústrias extrativas, projetos de infraestruturas, construção de hidroelétricas e pelo desmatamento, segundo um estudo divulgado hoje.

De acordo com o relatório, só por atividades mineiras e de extração de petróleo estão em risco 22 por cento dessas zonas, o que representa cerca de 87 milhões de hectares da região amazónica.

O estudo baseia-se numa análise que identifica as pressões e ameaças enfrentadas na Amazónia por intervenções de infraestruturas de transporte (estradas), energia (hidroelétricas) e indústrias extrativas (mineração e petróleo), além de controlar a frequência de queimas e desmatamento da região.

Elaborado pela Rede Amazónica de Informação Socioambiental (Raisg) – um grupo técnico formado por organizações de seis países da região amazónica (Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela) -, o relatório foi divulgado no Brasil pelo Instituto Socioambiental (ISA), uma das ONG’s que compõem a rede.

A análise indica que as indústrias mineiras e petrolíferas são as que mais pesam na “panamazónia”, ou seja, nos territórios protegidos pelas leis nacionais e que, além do Brasil, englobam oito outros países (Venezuela, Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa-território francês).

Juntos têm projetos que podem afetar 208 milhões de hectares dessa região.

Embora as ameaças incluam as atividades de mineração ilegal, presentes em toda a região, o estudo destaca que os riscos também são provenientes de projetos extrativos que foram endossados pelos governos, muitos dos quais foram lançados sem a devida consulta às populações afetadas.

A lista dos países que ameaçam a Amazónia é encabeçada pelo Brasil, com projetos extrativos, em desenvolvimento ou a serem implementados, que ultrapassam os 117 milhões de hectares, dos quais os projetos mineiros cobrem mais de 108 milhões de hectares.

Segue-se A colômbia e o Peru, com projetos da indústria extrativa que envolvem cerca de 20 e 21 milhões de hectares, respetivamente.

No que diz respeito a estradas, dos 136 mil quilómetros mapeados na região pela Raisg, aproximadamente 20 por cento (26 mil quilómetros) sobrepõem-se a áreas naturais protegidas e territórios indígenas.

A investigação “Dinâmica espaço-temporal da desflorestação na Amazónia brasileira”, citada no estudo, indica que a maior parte do desmatamento no Brasil ocorre na proximidade de estradas.

Outro risco para a região vem de projetos de energia. De acordo com o relatório, das 272 grandes centrais hidroelétricas na Amazónia que se encontram em planeamento, construção ou operação, 78 estão dentro dos territórios indígenas e 84 estão em conflito com áreas naturais protegidas.

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