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“Estado deve proteger os cidadãos, não proteger-se a si próprio”, diz Manuel Alegre

Manuel Alegre, um histórico do PS, criticou a quantidade de políticos classificados como prioritários na campanha de vacinação contra a covid-19.

Ontem foi anunciado, pelo coordenador do plano de vacinação, Francisco Ramos, que cerca de mil políticos vão ser considerados prioritários.

Para o antigo conselheiro de Estado, que por duas vezes concorreu à Presidência da República, o Governo “passou do zero para o oitenta” ao incluir na lista de prioritários os 230 deputados e os 308 presidentes de câmara, para além dos titulares das magistraturas judiciais e do Ministério Público.

“O Estado deve proteger os cidadãos e não proteger-se a si mesmo”, criticou o histórico socialista, frisando que “esta prioridade dada ao aparelho de Estado” implica que os políticos passem “à frente daqueles que são mesmo prioritários”, como “os profissionais de saúde, tanto do público como do privado, e ainda as pessoas com mais de 80 anos”.

Alegre defendeu o critério “80-80-80”, ou seja, “oitenta por cento dos profissionais de saúde e 80 por cento das pessoas com mais de 80 anos vacinados até ao final de março”.

Foi esta a fórmula que o primeiro-ministro, António Costa (PS), se comprometeu perante a União Europeia a seguir, pelo que a inclusão de cerca de mil políticos veio baralhar as contas face às doses de vacina disponíveis.

“Ainda não foi dito como isto se irá fazer. Com esta mobilização geral para o Estado ser vacinado e a escassez de vacinas não se percebe como isto vai acontecer”, explicou, em entrevista ao Diário de Notícias.

O ex-deputado assegurou, no entanto, que rejeita a “demagogia” e o “populismo” de defender que nenhum titular de cargo político devia ser considerado prioritário, considerando que a lista devia incluir, pelo menos, Presidente da República, presidente da Assembleia da República, primeiro-ministro e alguns ministros “essenciais” na luta contra a pandemia.

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