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Especialistas alertam para necessidade de registo nacional de patologias da coluna

Portugal precisa de um registo nacional de patologias da coluna para avaliar devidamente o impacto e a necessidade de tratamento destas doenças, uma ideia defendida por vários especialistas na apresentação dos dados da última edição do estudo “Panorama das Cirurgias à Coluna no SNS”, referentes a 2017 que aconteceu no Dia Mundial da Coluna (16 de outubro).

Este estudo foi realizado pela consultora multinacional IASIST e é uma iniciativa da Sociedade Portuguesa de Neurocirurgia (SPNC), da Sociedade Portuguesa de Patologia da Coluna Vertebral (SPPCV) e da Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia (SPOT), e conta ainda com o apoio das campanhas “Olhe Pelas Suas Costas” e  “Josephine Explica a Escoliose” e da Escola Nacional de Saúde Pública. Os dados analisados refletem os procedimentos de artrodeses, artroplastias, discectomias, fixações dinâmicas, vertebroplastias, cifoplastias e descompressões realizados nos hospitais do SNS entre 2011 e 2017.

Nos seis anos que este estudo abrange os hospitais públicos portugueses trataram 51.578 doentes. No entanto, há uma tendência decrescente no número de procedimentos realizados em hospitais públicos, que se acentua de 2016 para 2017, números que podem estar relacionados com o facto de o setor privado dar uma resposta cada vez maior na área das cirurgias da coluna, como explica o Dr. Miguel Casimiro, neurocirurgião e presidente da SPPCV: “a nossa prática em instituições privadas representa já uma enorme fatia do total dos cuidados prestados para o tratamento da patologia da coluna vertebral e precisamos de apurar o tamanho dessa fatia, quais as características dos doentes, que patologias têm e quais os tratamentos realizados, pelo que esperamos alargar o âmbito deste estudo no futuro”.

A mesma ideia é sublinhada por Domingos Coiteiro, neurocirurgião e presidente da SPNC. O especialista defende que “nenhum retrato do panorama nacional da cirurgia de coluna será fidedigno se não incluir o número avultado de procedimentos realizados nesse setor”. E reforça que nesta área “o desafio é enorme. Será imperativo quais os parâmetros e variáveis a analisar, uniformizar o registo de dados e assegurar a sua fiabilidade, incluir resultados, objetivo último da nossa atividade e incluindo a avaliação do doente”.

As assimetrias regionais nos diferentes procedimentos analisados por este estudo também são evidentes. Se por um lado há regiões onde determinados procedimentos não são realizados (como por exemplo Évora no caso das artrodeses por deformidades), há outros locais do país que estão acima da média na realização mesmo procedimento (neste caso temos por exemplo Braga, Bragança, Porto, Coimbra e Santarém). Nas regiões que estão abaixo da média, os números podem explicar-se pela eventual escassez de recursos técnicos para a sua execução e também pelas dificuldades da Medicina Geral e Familiar em referenciar as patologias da coluna.

Já as taxas de procedimentos muito acima da média registam-se particularmente junto de centros de tratamentos, o que se poderá explicar pela proximidade geográfica aos centros, já que as cirurgias à coluna podem representar procedimentos invasivos e com período de internamento prolongado, o que pode afastar os doentes que residem mais longe dos centros de tratamento.

Apesar destas assimetrias, José Guimarães Consciência, ortopedista presidente da SPOT, realça que “a cirurgia da coluna vertebral atinge, em Portugal e no mundo, uma percentagem significativa do número global das cirurgias efetuadas por patologia musculosquelética, o que lhe confere notoriedade no panorama global da saúde pública. E é a qualidade dos nossos cirurgiões e dos serviços clínicos onde eles exercem que tem contribuído decisivamente para uma melhoria dos padrões de vida diária dos doentes”.

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