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Especialista pouco otimista nos resultados dos casinos em Macau este ano

O especialista David Green mostrou-se pouco otimista em relação aos resultados dos casinos em Macau em 2019, devido à entrada do Japão nas apostas, do crescimento do Camboja e da guerra comercial EUA/China.

No ano passado, as receitas brutas acumuladas dos casinos foram as mais altas desde 2014, mas em declarações à Lusa o fundador da Newpage Consulting, consultora especializada em regulação de jogos em Macau, afirmou não estar “otimista em relação a 2019”.

Em 2018, as receitas dos casinos em Macau cresceram 14 por cento, para 303 mil milhões de patacas (cerca de 34 mil milhões de euros), com a operadora norte-americana Sands a apresentar as receitas consolidadas mais elevadas (cerca de oito mil milhões de euros).

Contudo, na opinião de David Green, face a vários fatores externos a Macau, a tendência de crescimento que se tem verificado nos últimos anos pode ter chegado ao fim.

Uma tendência que se verificou nos primeiros dois meses do ano quando as receitas dos casinos totalizaram 50.560 milhões de patacas (5.549 milhões de euros), uma diminuição de 0,5 por cento em relação a igual período de 2018, indicam dados oficiais.

“O Japão será uma grande distração para os grupos interessados em ganhar uma concessão de jogo”, disse.

Cinco dos seis concessionários de jogo em Macau (MGM, Sands, Wynn, Melco e Galaxy) “manifestaram publicamente interesse” em garantir uma licença no Japão, depois de o parlamento nipónico ter aprovado a abertura de três casinos a partir de meados de 2020.

Na opinião do fundador da Newpage Consulting, a entrada em força de outros países asiáticos no jogo, como o Camboja e o Vietname, pode levar os turistas chineses que visitam Macau (25 milhões dos 35,8 milhões de turistas em 2018) para essas paragens.

“O Camboja tem potencial para conseguir alguns dos jogos de massa e VIP de Macau, tanto em Naga, como no aglomerado de casinos em Sihanoukville”, já o “desenvolvimento de Hoi An, no Vietname” poderá “afastar os jogadores” VIP de Macau, considerou.

Por outro lado, no âmbito da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, apesar de David Green estimar que “será resolvida”, Pequim “terá de fazer concessões que preferiria não fazer (…) e vai perder a face”, defendeu.

“Isso poderá prejudicar os operadores norte-americanos (MGM, Sands e Wynn) que estarão mais vulneráveis a qualquer ato de retaliação”, frisou o especialista.

“A retaliação provavelmente será subtil, mas significativa”, disse.

O ‘fraco otimismo’ de David Green é também suportado pelas estimativas do Fundo Monetário Internacional que, na semana passada, apontou que o crescimento em Macau em 2019 deverá diminuir um ponto percentual, em relação a 2018, para os 5,5 por cento, quando em 2017 a economia do território cresceu 9,7 por cento.

Segundo o FMI, esta desaceleração em 2019 regista-se porque, apesar do crescimento do turismo e do jogo de massas, as receitas provenientes do jogo VIP vão diminuir este ano e, por essa razão, os impostos diretos sobre o jogo vão encolher.

O FMI aponta que a “receita do jogo e turismo voltou a crescer em 2017 e no início de 2018”, mas que na segunda metade do ano passado foi registado “um crescimento moderado (…) um investimento menor e a redução do jogo VIP”, derivado da desaceleração da economia chinesa e das “tensões comerciais entre os EUA e a China”.

O próprio Governo de Macau previu em baixa, segundo dados oficiais, as receitas em impostos para 2019, cuja fatia dos impostos diretos sobre o jogo – 35 por cento sobre as receitas brutas dos casinos – é determinante.

Macau calcula obter 117,3 mil milhões de patacas (12,9 mil milhões de euros) em receita em 2019, quando no ano passado arrecadou 134,204 mil milhões de patacas (14,8 mil milhões de euros).

Deste valor, 79,6 por cento foi através de impostos diretos sobre o jogo.

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