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Especialista afirma que identificar fontes de emissão de poluentes é prioritário em Macau

O investigador Yongjie Li, da Universidade de Macau, defendeu hoje que a identificação das principais fontes de emissão de poluentes tem de ser uma prioridade para as autoridades do território, pois só assim será possível elaborar políticas eficazes.

“A maior prioridade da nossa cidade deve ser a aposta na identificação das fontes de emissão e captar um quadro geral da situação”, afirmou à Lusa Yongjie Li.

Para o especialista em poluição atmosférica, “sem tais evidências científicas não será possível uma política eficaz sobre como controlar as emissões”, sublinhando que as autoridades têm de ser mais proativas nesta matéria.

De acordo com dados oficiais, em 2017 registaram-se em quase todas as estações do território que medem o índice de qualidade do ar (AQI, na sigla inglesa) mais de 20 dias em que a qualidade foi considerada insalubre.

“Este é um grande desafio e o Governo de devia colocar [a qualidade do ar] numa prioridade maior do que a que está a fazer”, defendeu o professor.

Na mesma linha do especialista ambiental, que apontou falhas na identificação e captação das fontes de emissão de poluentes, têm surgido na última semana críticas por parte da sociedade civil e de ativistas ambientais no território, que apontam falhas nos dados sobre a qualidade do ar recolhidos pelo Governo.

“Infelizmente, o que o Governo está a fazer em Macau não é suficiente em termos de política sustentável, que ainda está muito atrasada em relação ao resto do mundo”, disse à Lusa Annie Lao, um dos principais rostos de uma petição que reuniu milhares de assinaturas contra o plástico de utilização única.

De acordo com o último Relatório do Estado do Ambiente de Macau de 2017, as emissões de CO2 no território subiram 6,2 por cento, entre 2007 e 2016.

“A percentagem das emissões estimadas de gases com efeito de estufa em 2016 aumentou 5,9 por cento comparando com 2015. Tal deve-se, principalmente, ao aumento da emissão estimada de CO2 resultante da incineração de resíduos, dos transportes marítimos e da produção local de energia elétrica”, lê-se no relatório.

Nas Linhas de Ação Governativa (LAG) para 2019, o Governo de Macau estabeleceu, entre outras metas, controlar o crescimento do número de veículos para que a taxa de crescimento anual se fixe em 3,5 por cento em 2020, prometeu o aumento de lugares de carregamento de veículos elétricos para 210 até 2019 e que 40 por cento da iluminação pública seja feita através de luzes LED.

Com pouco mais de 30 quilómetros quadrados e uma das maiores densidades populacionais do mundo, Macau tem cerca de 230 mil veículos motorizados, não tem metro, e os transportes movidos a energias sustentáveis são reduzidos.

Dados oficiais apontam que, no terceiro trimestre de 2018, havia 43.928 pessoas com dois ou mais veículos, numa população de cerca de 660 mil pessoas.

De acordo com os últimos dados da Direção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego de Macau (DSAT), existem em Macau 1.498 táxis. Em resposta à Lusa, a DSAT afirmou que “até 9 de janeiro de 2019, existiam em Macau 30 táxis elétricos”.

Apesar de o Governo já ter lançado licenças para mais 100 táxis elétricos, estes números contrastam com Shenzhen, a poucos quilómetros de Macau, uma das mais importantes cidades chinesas e o centro tecnológico do país.

Esta cidade, vizinha de Hong Kong, atingiu no início deste ano um novo marco ambiental: ter uma frota de táxis composta quase totalmente por carros elétricos.

Desde o início do ano, 99 por cento dos 21.689 táxis que operam na cidade, são alimentados a energia elétrica.

Outra das preocupações de Annie Lao prende-se com os casinos em Macau, que na sua opinião são os maiores utilizadores de recursos como “água, energia e plástico”.

Macau, de acordo com dados oficiais, tem mais lixo ‘per capita’ que cidades como Pequim, Xangai ou Hong Kong.

No primeiro dia do ano, o grupo hoteleiro e operadora de jogo Sands China, anunciou a proibição do uso de palhinhas de plástico em todos os seus espaços, prevendo economizar 2,2 milhões de palhinhas por ano, ou seja, uma tonelada de plástico, segundo a empresa, cujas propriedades receberam mais de 97 milhões de visitantes em 2017.

O MGM, com dois casinos em Macau, também já prometeu abandonar todos os plásticos de utilização única e substituí-los por alternativas sustentáveis em todos os seus restaurantes, durante primeiro trimestre do ano.

“Banir palhinhas de plástico por parte dos casinos é apenas um pequeno passo, mas não é de todo suficiente porque os hotéis usam e grande número de plásticos descartáveis e que muitos deles não podem ser reciclados”, ripostou a ativista.

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