Quinta-feira da semana passada Baptista Caetano, diretor da Escola Santa Lúcia, mandou os alunos para casa mais cedo. No dia seguinte não tinha alunos, nem professores, e escola tão pouco.
“Até quinta-feira, ao princípio da manhã, houve aulas mas depois, por causa dos comunicados, pelas 11.00 libertámos os alunos, No dia seguinte estava assim”. Baptista Caetano está à porta de uma das salas de aula da escola, sem telhado e com água ainda no chão, resultado do ciclone Idai que na semana passada assolou a região centro de Moçambique, especialmente a cidade da Beira.
Uma das consequências da catástrofe, que já provocou mais de 200 mortes, foi a interrupção das aulas, na cidade da Beira, mas também noutros povoações da região, que estão desde então inundadas.
Hoje, uma semana depois, a Escola Santa Lúcia não está propriamente inundada, mas há água ainda em todas as salas de aula, mesas e cadeiras reviradas, algumas chapas de zinco caídas e retorcidas. E nenhum telhado. Nem alunos.
Até quinta-feira a escola tinha 1.034 alunos e 40 professores. Depois, “foi dia de tristeza, foi dia de choro”.
“Perdemos tudo, computadores, máquinas, papeis”, conta o responsável à Lusa. No dia a seguir ao ciclone colocou três telhas de zinco para tapar uma parte do seu gabinete e hoje continua na escola mas sem saber muito bem o que fazer.
“Convoquei um encontro com os professores para vermos uma solução”, diz, acrescentando logo de seguida: “a solução é voltar a cobrir” as salas de aula.
O diretor acredita que se tudo correr bem, se a “situação normalizar”, as aulas podem começar “dentro de duas semanas”.
Mas acredita que “o ano está comprometido”, não só na cidade da Beira como em grande parte da província de Sofala, no centro do país.
Na Beira, como constatou a Lusa, não é só a Escola Santa Lúcia, no Bairro do Vaz, que está vazia. Noutra parte da cidade, na Escola Primária dos Pioneiros, há salas destruídas e no jardim árvores de grande porte foram arrancadas. Não há ninguém ali a não ser um menino de cara triste que está sentado à porta de uma das salas e duas meninas que andam por perto do átrio. Aparentemente só porque sim.
Ambiente diferente do vivido a escola da Munhava, um bairro da Beira. As salas não foram transformadas em piscinas, mas servem agora para abrigar pessoas do bairro que ficaram sem casa.
À volta de todas a mesma desolação. Poças de água estagnada, lama, árvores caídas, mesas e cadeiras partidas e lixo. E em vez dos sons típicos de uma escola há agora silêncio ou lamentos.
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