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Escassez da água pode afetar 3,5 mil milhões de pessoas em 2025 se nada for feito

Um diretor do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) apelou hoje para uma intervenção contra a escassez de água, referindo que, “se nada for feito”, em 2025 haverá 3,5 mil milhões de pessoas afetadas.

“A maior parte dos países africanos está exposta à escassez da água”, disse Lisandro Martin, um dos oradores da cerimónia de abertura do primeiro Fórum Internacional sobre a Escassez de Água na Agricultura, que começou hoje na cidade da Praia e termina na sexta-feira, Dia Mundial da Água.

“África tem 37 por cento dos terrenos áridos do mundo”, disse O diretor para a África Ocidental e Central do FIDA, assinalando a luta travada em Cabo Verde contra a seca, como a que atualmente afeta o território.

Para o diretor daquela agência das Nações Unidas, não há tempo a perder nesta matéria, bem ilustrada em alguns números que apresentou: 1,2 mil milhões de pessoas são afetadas pela falta de água, 70 por cento da água potável é utilizada na agricultura.

“Há uma necessidade de investir em recursos hídricos, porque os alimentos precisam de água”, disse.

O encontro que hoje arrancou vai culminar com a Declaração da Praia, um compromisso no qual o mundo inteiro irá ser envolvido, segundo Torkil Clausen, presidente do Quadro Global para a Água na Agricultura (WASAG), um dos promotores deste fórum.

“Vamos assumir este compromisso e depois levá-lo ao mundo”, disse, sublinhando o papel de Cabo Verde ao propor e acolher o encontro que hoje começou nas instalações das Assembleia Nacional, na capital do país.

Numa mensagem de vídeo, na impossibilidade de estar presente na cidade da Praia, a subsecretária de Estado do Governo italiano, Alessandra Pesce, defendeu uma inversão do caminho e apontou como exemplo a greve de estudantes que na passada sexta-feira mobilizou milhares de jovens em todo o mundo, num apelo pela defesa do clima.

“Isto mostra que as coisas estão a mudar”, disse.

A representante da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) em Cabo Verde, Ana Laura Touza, classificou como um desafio coletivo “o uso da água na agricultura de uma forma racional”.

Por seu lado, o diretor da Divisão de Terras e Água da FAO, Eduardo Mansur, considerou que “os desafios são enormes e não podem ser resolvidos apenas por uma organização”.

“Tem de ser um desafio de todos”, apelou, afirmando que, “em 2020, a procura da água irá aumentar até 30 por cento”.

Para Eduardo Mansur, “é preciso unir ideias”, reconhecendo que algumas ideias apresentadas por Cabo Verde no seu combate à seca e à escassez de água são “entusiasmantes”.

O especialista destacou a importância das conclusões científicas do evento que hoje começou a serem publicadas num jornal científico.

O primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, partilhou com a audiência a luta do arquipélago contra a seca e a escassez de água.

“Cabo Verde pertence ao conjunto de países do mundo profundamente afetado pela escassez de água”, disse, acrescentando que a insularidade agrava ainda mais esta situação, devido aos custos dos recursos.

Apesar de esta ser uma luta que existe desde o nascimento de Cabo Verde, as mudanças climáticas vieram agravar os efeitos que são mais fortes em países insulares em desenvolvimento como Cabo Verde, declarou o chefe do Governo.

Ulisses Correia e Silva recordou que Cabo Verde sofreu uma seca em 2014, um furação em 2015, cheias torrenciais em 2016 e em 2017 uma seca severa, que se mantém. Além disso, o vulcão na ilha do Fogo entrou em erupção em 2014.

“Somos recetores de crises e não contribuímos para essas crises”, afirmou.

O primeiro-ministro e os outros participantes do evento visitaram depois uma feira com soluções encontradas para o fornecimento de água ao setor agrícola e alguns produtos.

Água e migração, água e nutrição, agricultura salina, uso sustentável da água na agricultura, preparação para secas e mecanismos financeiros para manuseio sustentável dos recursos hídricos são os temas que vão ser discutidos durante os quatro dias do fórum.

Estão previstas sessões plenárias e técnicas e exposições no local do evento, a Assembleia Nacional, bem como visitas a locais agrícolas na ilha de Santiago, com o intuito, segundo José Teixeira, de envolver os agricultores.

O fórum é organizado no contexto do Quadro Global para a Água na Agricultura (WASAG), com o patrocínio do Governo de Cabo Verde, em colaboração com a FAO, o Ministério das Políticas Agrícolas, Alimentares e Florestais da Itália e o Serviço Federal de Agricultura da Suíça (FOAG).

O WASAG foi criado em 2017 pela FAO e reúne mais de 60 parceiros, incluindo governos e organizações intergovernamentais, agências da ONU, instituições académicas e de pesquisa, e organizações da sociedade civil e do setor privado de todo o mundo.

Lusa

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Etiquetas: ÁguaAmbientehome

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