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Equipas de apoio psicossocial do Programa Humaniza ajudaram mais de 8.300 pessoas

As 10 equipas de apoio psicossocial selecionadas no âmbito do Programa Humaniza, da Fundação “La Caixa”, apoiaram no primeiro ano de funcionamento mais de 8.300 pessoas com doenças avançadas e seus familiares, num total superior a 16.000 consultas.

Num investimento superior a um milhão de euros no primeiro ano de funcionamento, este projeto é apenas uma das vertentes do Programa Humaniza, criado a pensar nas pessoas com doenças avançadas ou em fim de vida, num país onde a cobertura dos cuidados paliativos continua a ser insuficiente.

“Estas equipas, selecionadas em concurso público e que começaram a funcionar em outubro de 2018, seguiram no total 3.745 novos doentes, com um número total de 8.921 consultas, e 4.556 novos familiares, com um total de 7.535 consultas, entre as quais as de apoio ao luto”, disse à agência Lusa Bárbara Gomes, do Programa Humaniza, cujos resultados serão apresentados hoje no II Congresso dos Cuidados Continuados e Paliativos, em Lisboa.

Este projeto segue o exemplo de um idêntico que está há 10 anos a funcionar em Espanha.

“São números muito bons, comparáveis às equipas em Espanha. Foi ano de arranque e estamos confiantes de que aumentarão no futuro. Isto foi o início deste programa e o objetivo é, continuando a correr bem, aumentar número de equipas para dar maior cobertura no país de forma a que as pessoas tenham as suas necessidades psicossociais e espirituais cumpridas”, acrescentou a responsável.

Bárbara Gomes explicou que estas equipas trabalham sempre em colaboração com equipas especializadas em cuidados paliativos (da rede pública e privada) e muitas integram-nas: oito têm como base equipas públicas e duas equipas privadas.

“Vêm complementar a resposta. Em muitas destas equipas de cuidados paliativos já existia psicólogo e assistente social (os dois grupos profissionais que constituem estas equipas), no entanto, sempre soubémos que o tempo alocado a estes profissionais era muito reduzido” e muitas das necessidades ficavam por cobrir, explicou.

A responsável estima que cerca de 50 por cento das pessoas com doença avançada precisam de intervenção psicossocial e espiritual especifica e que entre 10 a 20 por cento dos cuidadores “apresentam complicações” no processo de evolução da doença e no luto.

“Os recursos que existiam nas equipas de cuidados paliativos não eram suficientes e estas 10 equipas vieram reforçar de forma bastante substancial a capacidade de responder a estas necessidades”, considerou.

Cada equipa recebeu no primeiro ano de funcionamento 112 mil euros, a que acrescem os custos operacionais do programa.

Além das equipas de apoio psicossocial, no âmbito do Programa Humaniza, a Fundação “La Caixa” decidiu apoiar movimentos associativos de profissionais, doentes e famílias para desenvolverem projetos mais restritos no tempo (anuais) que, se correrem bem, podem ser renováveis no máximo por três anos.

“O objetivo é reforçar o apoio psicossocial às famílias, mas também a sensibilização publica cobre cuidados paliativos”, disse Bárbara Gomes, explicando que foram selecionados quatro projetos, que começaram este ano a funcionar.

Deste grupo fazem parte um projeto para mapear doentes com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) do interior do país, outro para aumentar a literacia sobre cuidados paliativos na população açoriana, outro para promover redes comunitárias para apoiar pessoas com doença avançada e/ou incurável e outro que prevê o uso da música para humanizar os espaços onde estão os doentes.

O Programa humaniza tem ainda uma iniciativa para atribuição de qualificação de especialistas, em colaboração com a Ordem dos Médicos.

“Este ano foram atribuídas 13 bolsas a médicos para fazerem estágios práticos para ficarem com a competência em Medicina Paliativa. São muito poucos os médicos em Portugal com competência em Medicina Paliativa”, explicou Bárbara Gomes, acrescentando: “Queremos aumentar em 20 por cento estes profissionais, que vão dirigir as equipas futuras de cuidados paliativos”.

A responsável disse ainda que no âmbito desta aposta da fundação, no próximo ano será lançado um concurso para apoiar a criação de equipas de cuidados paliativos domiciliários e outro para projetos experimentais de intervenção, também restritos no tempo, com apoio por um ano extensível a um máximo de três anos se os resultados forem positivos.

“Estes projetos experimentais privilegiam cinco áreas temáticas relacionadas com os grupos mais vulneráveis dentro das pessoas com doenças avançadas: as crianças, os idosos, as pessoas com demência, as que têm outras doenças neurodegenerativas (com necessidades especificas) e os cuidadores informais. Será selecionado um projeto em cada uma das áreas.

A Fundação “La Caixa” iniciou a sua ação em Portugal em 2018, ano em que investiu um total de 12 milhões de euros em vários projetos.

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