O Equador assegurou na segunda-feira que os Estados Unidos não vão usar o arquipélago de Galápagos como base militar contra o narcotráfico, após declarações polémicas do ministro da defesa equatoriano que indiciavam o contrário.
O ministro Oswaldo Jarrin teve de clarificar as suas afirmações onde indicou que essas ilhas – classificadas como Património Natural da Humanidade e de grande valor científico – constituíam um “porta-aviões natural”.
“É má fé dizer que se prevê um distanciamento permanente (no arquipélago), renunciar à soberania ou tornar-se num teatro de guerra”, disse Jarrin.
Segundo o Governo equatoriano, o novo acordo de cooperação não permite que os aviões antidrogas norte-americanos permaneçam nas ilhas. Será “um avião, uma vez por mês, não mais que três dias”, explicou o ministro.
O ministro, no entanto, já foi convocado pelo comité de relações internacionais do Parlamento equatoriano para explicar o acordo com os Estados Unidos.
Vários deputados manifestaram a sua preocupação com possíveis ataques à soberania do país e ao frágil ecossistema de Galápagos, devido à chegada regular de aviões militares.
O ministro lembrou que a Constituição equatoriana proíbe a instalação de bases estrangeiras, como a ocupada pelos Estados Unidos há uma década no porto de Manta (oeste), na costa do Pacífico.
Esta base foi encerrada por decisão do ex-presidente Rafael Correa (2007-2017) quando, logo após o início do seu primeiro mandato, não aprovou o acordo bilateral que permitia aos norte-americanos realizarem voos de operações antidrogas em território equatoriano.
A cooperação entre Quito e Washington foi retomada em junho do ano passado, quando o Presidente do Equador, Lênin Moreno, recebeu o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence.
Desde setembro, um avião dos EUA tem supervisionado as operações de narcóticos e de pescas ilegais do porto de Guayaquil, no sudoeste do país.
O arquipélago “passa pelos (…) corredores estabelecidos para o narcotráfico” em direção à América Central e à América do Norte, lembrou o ministro da Defesa, sublinhando para a necessidade de “aproveitar a posição estratégica e geográfica de Galápagos em relação ao continente” para combater o narcotráfico.
O arquipélago, composto por 13 ilhas principais, é Património Mundial pela Unesco e serve de base para estudos sobre fauna e flora, devido à diversidade de espécies que lá vivem.