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Enfermeiros temem que vacinação de políticos “sirva para desculpar os chico-espertos”

Ana Rita Cavaco, bastonária da Ordem dos Enfermeiros (OE), considerou “incompreensível” que os titulares de cargos políticos sejam considerados prioritários na campanha de vacinação contra a covid-19.

Em reação ao anúncio ontem feito pela ministra da Saúde, a bastonária considerou que colocar os políticos à frente de profissionais de saúde e utentes de lares é “um péssimo exemplo”.

“Tememos que esta estratégia sirva para desculpar os chico-espertos (autarcas e provedores de santas casas) que furaram o plano de vacinação e que levaram maridos e mulheres”, afirmou Ana Rita Clara, lembrando que na semana passada entregou no Parlamento denúncias de titulares de cargos políticos e responsáveis de instituições que foram vacinados sem indicação para tal e sem estarem em contacto com infetados.

“A maioria dos idosos em lares está a morrer. Os políticos não”, reforçou a bastonária dos enfermeiros, em declarações ao Observador.

“Tentar furar uma fila de vacinação, numa altura tão difícil como aquela em que o país se encontra, é demonstrar não ter caráter. Noutros países onde isso aconteceu, os responsáveis tiveram de se demitir. Em Portugal, gostaríamos de assistir ao mesmo”, insistiu a responsável.

De acordo com a OE, há “muitos enfermeiros” que ainda não foram vacinados contra a covid-19, mesmo no caso dos que estão nas brigadas de vacinação ou em centros de saúde.

Ana Rita Clara referiu ainda que vai escrever ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para que exorte o Ministério da Saúde a esclarecer devidamente o conceito de “titulares de órgãos de soberania”, como referiu a ministra da Saúde, no anúncio de ontem.

As declarações da bastonária surgem depois de Marta Temido, ministra da Saúde, ter anunciado que na próxima semana arranca a vacinação de “titulares de órgãos de soberania”, bombeiros, profissionais de serviços essenciais e forças de segurança.

Nos Açores, Clélio Meneses, secretário regional da Saúde, já garantiu que os titulares de órgãos de soberania não serão classificados como prioritários.

“Entendemos que há populações mais vulneráveis e que precisam mais de ser vacinadas”, explicou o responsável, em declarações à Lusa.

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