“Enfermeiro” é a “Palavra do Ano” de 2018
A “Palavra do Ano” de 2018 é “enfermeiro”, que alcançou 37,8 por cento dos 226 mil votos validados, foi hoje anunciado pela Porto Editora, numa sessão na Biblioteca Municipal Almeida Garrett, no Porto.
Uma “votação recorde”, disse à agência Lusa Paulo Rebelo Gonçalves, da Porto Editora, que promove a iniciativa que completa este ano uma década.
Da lista de dez palavras colocadas à votação durante o mês de dezembro, em www.palavradoano.pt, em segundo lugar ficou o vocábulo “professor”, com 33,4 por cento.
A escolha inicial do termo “enfermeiro” tinha sido justificada pela Porto Editora com os vários movimentos de protesto desta classe, ao longo do ano passado e que continuam em 2019: “Os enfermeiros reclamam aumentos salariais, uma progressão mais rápida na carreira e a contratação de mais profissionais”, uma situação idêntica à dos professores, que “continuam a lutar pela contabilização da totalidade do tempo de serviço prestado durante o congelamento de carreiras”, afirmou a editora.
No terceiro lugar, ficou “toupeira” com 10,6 por cento, no quarto posto “privacidade” (3,1 por cento) e, a meio da tabela, no 5.º, ficou “assédio” (2,9 por cento).
Paulo Rebelo Gonçalves qualificou a participação como “verdadeiramente histórica”, com 226.000 votos validados. No ano passado contaram-se 30.000 votos, o que leva Paulo Rebelo Gonçalves a afirmar que “o excecional nível de participação demonstra que esta iniciativa está definitivamente consolidada no calendário dos portugueses”.
O responsável da Porto Editora disse à Lusa que “a escolha dos portugueses poderá refletir uma preocupação acentuada quanto à situação envolvendo a classe dos enfermeiros, algo que poderá ser extensível aos professores, atendendo à elevada votação que a respetiva palavra registou”.
Na segunda parte da tabela ficaram “populismo”, com 2,8 por cento, “extremismo”, com 2,6 por cento, “paiol” com 2,5 por cento, “sexismo” (2,3 por cento) e, em último, “especulação” (2 por cento).
Quanto às palavras que têm sido eleitas e às candidatas, Paulo Rebelo Gonçalves disse que têm permitido “um retrato sociológico do país na última década”.
“Quer através das palavras eleitas, quer das que compuseram a lista, nós olhamos para elas e percebemos o que se passou naquele ano, e porque é que escolheram aquela palavra”, disse.
A palavra “enfermeiro” junta-se assim à lista das vencedoras da iniciativa que inclui “esmiuçar” (2009), “vuvuzela” (2010), “austeridade” (2011), “entroikado” (2012), “bombeiro” (2013), “corrupção” (2014), “refugiado” (2015), “geringonça” (2016) e “incêndios” (2017).