Cultura

Encontro de jornalistas ibéricos da área da cultura em Serralves

museu_de_serralvesO encontro realizado em Serralves, no Porto, com os mais conceituados jornalistas portugueses e espanhóis da área da cultura, foi organizado pelo Ministério da Cultura espanhol e visava abordar o tema ‘A cultura nos meios de comunicação’, refletindo e debatendo o diálogo, cooperação e novas ideias nesta área, entre os dois países.

O encontro decorreu no passado dia 23 de novembro, pelas 16h00, na biblioteca do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto.

Como oradores estiveram presentes, João Fernandes moderador do debate e diretor do Museu de Arte Contemporânea de Serralves; Fietta Jarque, jornalista peruana residente em Madrid, colaboradora da secção cultural do ‘El Pais’; Alfonso Armanda, jornalista galego e diretor da revista on-line ‘FronteraD’; Antonio Saez Delgado, escritor, crítico de literatura e professor de literatura Espanhola e Ibérica na Universidade de Évora; Paula Moura Pinheiro, jornalista, sub-diretora da RTP2 e apresentadora do programa de âmbito cultural do mesmo canal, ‘Câmara Clara’; Francisca Cunha Rego, jornalista do ‘Jornal de Letras’ e ainda João de Melo escritor e licenciado em Filologia Românica, ex-conselheiro cultural na Embaixada de Portugal em Madrid.

Abordaram-se diferentes visões das melhorias que poderiam ser feitas ao nível de relações culturais entre os dois países, como por exemplo “Portugalizar Espanha e Espanholizar Portugal”, criando uma aliança cultural e política, como sugeriu Alfonso Amanda.

Os diferentes pontos de vista dos oradores, tanto portugueses como espanhóis, centraram-se na distância entre Portugal e Espanha, distância esta que é tão pequena e ao mesmo tempo tão grande. Antonio SAEZ Delgado chegou mesmo a citar Luis Buñel – “Portugal para os espanhóis fica mais longe que a Índia” –, referindo a barreira cultural entre os dois países e o conceito nacionalista por parte dos espanhóis, conceito este um pouco ambíguo, devido à diversidade cultural de cada província.

Francisca Cunha Rego sugeriu uma maior divulgação das nossas culturas juntas dos Novos Media (Internet, redes sociais, blogues, entre outros), sendo este um meio ao qual grande público tem bastante acesso, maioritariamente os jovens e referiu o trabalho do ‘Jornal de Letras’, quanto à divulgação da cultura espanhola em Portugal, como por exemplo a divulgação de autores espanhóis como é o caso de Javier Urra, autor de ‘O pequeno ditador’.

Foi notável a partilha da ideia entre todos, da necessidade de conhecimento mútuo, visto que dividimos o mesmo espaço geográfico, a Península Ibérica.

Fietta Jarque, mostrou uma preocupação entre o excesso de informação existente hoje em dia e de estarmos mais virados para o internacional e na necessidade de haver uma separação, um filtro, haver um melhor conhecimento daquilo que é local. Outra das suas preocupações relativamente ao excesso de informação é a necessidade de um ‘guru cultural’, alguém especializado que a faça a separação anteriormente referida.

Já João Melo referiu o seu constante desassossego com a cultura portuguesa e com a afirmação da mesma no exterior. “É preciso continuar esta dinâmica. Só queria que nada disto se perdesse. A minha maior alegria foi ver salas cheias de espanhóis para ver a cultura portuguesa”, referiu o escritor. Pois grande parte de obras traduzidas, exposições feitas e outro tipo de mostras de arte portuguesas foram fortemente implementadas em Espanha, durante a sua permanência como Conselheiro.

Para terminar a sessão, Paula Moura Pinheiro abordou uma ideia de filtro, no que toca à divulgação das mensagens de ordem cultural por parte dos jornalistas, a necessidade de conhecimento aprofundado, por parte dos profissionais de comunicação, daquilo que estão a comunicar e a ‘tradução’ para o público, passando uma mensagem clara e coesa que seja do entendimento de todos e que ao mesmo tempo seduza e desperte a atenção do público para um tema que muitas vezes não dominam.

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