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Empresas portuguesas recomendam quantidade e parceiro local para exportar para a China

Pequim, 28 abr 2019 (Lusa) – Os administradores de empresas portuguesas que vendem carne de porco e têxteis para a China, Agrupalto e Caima, advertem que é preciso quantidade para exportar para este mercado e recomendam também um parceiro local.

Nuno Correia, presidente do conselho de administração da Agrupalto – Agrupamento de Produtores Agropecuários, e Agostinho Dolores Ferreira, administrador da Caima, foram dois dos convidados para um jantar do chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, em Pequim, com alguns dos maiores exportadores portugueses para o mercado chinês.

Neste encontro, que decorreu na residência do embaixador de Portugal na China, José Augusto Duarte, também estiveram representantes da cervejeira Super Bock, das construturas Mota-Engil e Teixeira Duarte, o grupo têxtil TMG e da empresa de calcários Filstone.

Em declarações aos jornalistas à margem do jantar, Nuno Correia referiu que a Agrupalto só conseguiu começar a vender carne de porco para a China no ano passado, após dez anos a “tentar entrar neste mercado”, e salientou a importância da capacidade de produção.

“A China, se não tivermos capacidade de fornecimento, nem sequer quer iniciar o negócio. Nós decidimos juntar-nos ao segundo maior produtor [de carne de porco em Portugal]. Atualmente produzimos cerca de 27 mil animais por semana, e cerca de 10 mil vêm para aqui”, disse.

A carne de porco chega à China “por via marítima”, com os animais “congelados, em contentores” e o trajeto leva 35 dias, adiantou.

Por outro lado, de acordo com Nuno Correia, “é fundamental” ter “um parceiro forte” local entrar na China, “não há dúvida de que também um dos segredos é esse”.

“Esse é um conselho que eu dou”, acrescentou.

Agostinho Dolores Ferreira, administrador da indústria de celulose Caima, que desde 2012 vende pasta solúvel para a China, utilizada para a produção de viscose, subscreveu que “é preciso ter quantidade”.

“Se não, não vale a pena vir para cá. E depois é preciso arranjar o parceiro. Pode não ser necessariamente local, mas tem de ser um parceiro que conhece a China e que tem os contactos. Para fazer negócios cá, é preciso falar chinês, alguém que o traduza e em quem tenhamos confiança”, aconselhou.

No caso da Caima, até foi um parceiro escandinavo. “Depois disso a relação com a China é muito estável. Conheço os clientes todos, visito-os todos os anos duas vezes pelo menos, já foram todos a Portugal mais do que uma vez”, relatou.

O administrador da Caima realçou a importância de visitas como as do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, à China, “para garantir que o contexto político é saudável, isso é muito importante, é preciso ter muito cuidado com o risco político”.

Quanto ao potencial de crescimento da sua empresa, declarou: “Nós não temos problemas nenhuns em crescer, só que Portugal tem um problema para crescer, é que a indústria de pasta vive basicamente de uma coisa chamada eucalipto, e com a guerra toda que se faz aos eucaliptos, eu acho que não vai haver grande crescimento, não é?”.

Nuno Correia, por sua vez, salientou como a exportação para o mercado chinês fez a Agrupalto “crescer em Portugal”, contribuindo para a criação de emprego e para a diminuição das importações nacionais de carne de porco de Espanha.

“Se os chineses agora nos pedem cerca de mil toneladas de carne e querem duplicar a quantidade para o ano que vem, nós temos de crescer, para abastecer estes mercados”, disse.

Quanto ao longo processo de tentativa de entrada da Agrupalto na China, que só se concretizou em meados de 2018, considerou que o que fez a diferença “foi trabalhar em equipa junto com o Governo”.

Numa curta intervenção antes deste jantar, o Presidente da República defendeu que a presença na China de empresas portuguesas “é muito mais importante” do que a das empresas chinesas em Portugal e expressou a ambição de “exportar mais” para o mercado chinês.

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