Economia

Empresas exportadoras perspetivam aumento de 4,3 por cento nas exportações em 2019

As empresas exportadoras perspetivam um aumento nominal de 4,3 por cento nas exportações de bens em 2019, face a 2018, com a maioria a esperar que o Brexit tenha um efeito nulo no seu negócio, segundo dados hoje divulgados pelo INE.

De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), excluíndo os combustíveis e lubrificantes, o aumento esperado é de 4,4 por cento em 2019, com as empresas a apontarem um acréscimo de 3,2 por cento nas exportações para os mercados Extra-União Europeia e de 4,6 por cento para os países Intra-União Europeia.

Estes valores, refere o INE, apresentam uma desaceleração face às perspetivas indicadas pelas empresas para 2018 no inquérito precedente (6,4 por cento e 7,1 por cento excluindo combustíveis e lubrificantes), que em parte estará relacionada com o efeito da saída do Reino Unido da União Europeia (UE).

Por grandes categorias económicas, salientam-se as perspetivas de aumento das exportações de material de transporte e acessórios (6,1 por cento) e de máquinas, outros bens de capital (exceto o material de transporte) e seus acessórios (5,8 por cento), especialmente para os mercados Intra-UE (6,6 por cento e 7,5 por cento, respetivamente).

De acordo com o Inquérito sobre Perspetivas de Exportação de Bens (IPEB), realizado em novembro de 2018, 46 por cento das empresas esperam um efeito nulo nas suas exportações, decorrente da saída do Reino Unido da União Europeia.

As empresas que estimam um efeito negativo (17 por cento) foram, em 2017, responsáveis por 35 por cento das exportações para o Reino Unido e por 21 por cento do total das exportações de bens nesse ano. Apenas 2 por cento das empresas inquiridas esperam um efeito positivo do Brexit nas suas exportações e cerca de 35 por cento das empresas não sabem ainda qual será o impacto esperado.

Entre as empresas com um grau de dependência elevado relativamente ao mercado do Reino Unido (em que mais de 50 por cento das suas exportações se destinam a este país), há uma proporção mais elevada (face ao total das empresas respondentes ao IPEB) que considera que o Brexit terá um impacto negativo nas suas exportações (36 por cento), enquanto 21 por cento considera que o efeito será nulo e apenas 3 por cento esperam um efeito positivo.

As restantes empresas deste grupo (40 por cento) não sabem qual será o impacto do Brexit sobre as suas exportações de bens.

Em maio será realizada uma nova edição deste inquérito, para atualização das perspetivas das empresas relativas à exportação de bens para 2019.

Nesta edição, segundo o INE, procurou-se obter junto das empresas informação (ainda só qualitativa, atendendo à incerteza que continua a existir) sobre o impacto da saída do Reino Unido da UE nas suas exportações.

Em termos relativos, são as empresas exportadoras pertencentes ao setor da agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca que mais indicaram esperar um efeito negativo do Brexit nas suas exportações (22 por cento).

“Considerando o conjunto das respostas das empresas que já exportam para o Reino Unido, são apontadas como principais razões para o impacto esperado do Brexit nas suas exportações a possibilidade de existirem condicionalismos aduaneiros (26 por cento), a existência de variações cambiais (18 por cento), a dificuldade no acesso ao mercado do Reino Unido (14 por cento), a perda de quota de mercado (12 por cento) e a possibilidade de variação de preços (11 por cento)”, refere o INE.

De acordo com os dados divulgados na quarta-feira pelo INE, as exportações portuguesas de bens caíram 8,7 por cento em novembro, em termos homólogos, penalizadas pela redução das exportações no setor automóvel devido à greve dos estivadores no Porto de Setúbal.

Segundo o instituto, as exportações diminuíram 8,7 por cento (face à subida de 5,3 por cento em outubro de 2018), “devido à diminuição verificada no comércio Intra-UE e no comércio Extra-UE, sendo de destacar o decréscimo das exportações de material de transporte, maioritariamente de automóveis para transporte de passageiros, em 29,4 por cento (contributo de -5,7 pontos percentuais para a taxa de variação homóloga do total das exportações de bens), que estará associado à greve dos estivadores no porto de Setúbal”.

Já as importações aumentaram 11,5 por cento (5,4 por cento em outubro), com as importações de material de transporte a registarem um acréscimo de 21,3 por cento (com um contributo de 3,4 pontos percentuais para a taxa de variação homóloga do total das importações), em resultado fundamentalmente da aquisição de outro material de transporte (aviões), sinaliza o INE.

De acordo com as estatísticas do Comércio Internacional do INE, novembro foi assim até agora o pior mês das exportações em 2018 e o segundo negativo (depois de em março se ter observado uma redução de 5,4 por cento).

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