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Embalo da crise leva membros da CPLP a diminuírem os apoios

cplpOs efeitos da crise mundial estão a refletir-se nos contributos dos países lusófonos para a CPLP. Só o Brasil tem aumentado as verbas, tendo já ultrapassado Portugal e assumindo-se como o maior contribuidor para a instituição.

O diretor de Cooperação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Manuel Lapão, admitiu que a crise mundial tem sido o principal óbice ao financiamento da organização. “Os próprios Estados, no caso Brasil e Portugal, que traziam mais projetos, utilizam essa justificação para, perante os restantes parceiros, dizer que não é possível avançar com mais propostas neste momento, ou então justificando a diminuição de alguns recursos que são atribuídos à área da cooperação”, explicou o responsável.

“É evidentemente um assunto que nos preocupa a todos”, reconheceu Manuel Lapão, antecipando que a diminuição do financiamento terá “reflexos muito sérios” na “ação de cooperação” já “no próximo ano”.

Apesar do “sentimento de solidariedade” entre os membros da CPLP, Brasil e Portugal têm assumido uma liderança na área da cooperação. O país sul-americano já ultrapassou o nosso país no montante investido, confirmando a “tendência que se vem verificando de algumas reuniões a esta parte”.

Lapão revelou ainda que Angola “não” tem aumentado o apoio, apesar de assegurar “algumas ações” a “nível político e diplomático”. “Em termos de colocação de recursos na área de cooperação, não se tem assistido a essa transferência” de origem angolana.

Com os cenários de que a crise mundial ainda está longe de conhecer o fim, o dirigente da CPLP admite que, a breve prazo, se reforce essa tendência de diminuição dos apoios: “antecipo que, provavelmente em 2012, não se consigam aprovar muito mais projetos do que os que estamos a aprovar nesta reunião”.

O Programa Indicativo de Cooperação (PIC) da CPLP tem, neste momento, “cerca de 1,7 milhões de euros de projetos em curso”, que, com os três projetos novos entretanto aprovados nas reuniões de Lisboa, aumentará para “2,5 milhões”.

Desde que foi criado o fundo especial da CPLP para a cooperação, em 2000, o volume total de financiamento ronda os 7,2 milhões de euros, “o que é bastante significativo”, realçou Manuel Lapão, acrescentando que a execução técnica e financeira dos projetos está num “bom nível”, com execução “acima dos 80 por cento”.

O responsável destacou dois projetos com boa avaliação de resultados: apoio aos laboratórios de engenharia civil lusófonos e a intervenção no setor na estatística para gerar “indicadores que não existem”.

Dos seis novos projetos apresentados, três foram aprovados: assistência técnica ao centro de informação e proteção social da CPLP, apoio à quarta conferência de jovens líderes da organização, que terá lugar em Cabo Verde, e reintegração social da prática de capoeira enquanto arte em São Tomé.

Outras ações aprovadas respondem, segundo Lapão, ao desafio do Presidente da República, Cavaco Silva, de que a organização se dê a conhecer mais aos cidadãos, são o projeto CPLP nas Escolas, dirigido a jovens dos 12 aos 15 anos, e o desafio relacionado com os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) das Nações Unidas, destinado ao público universitário.

A segurança alimentar, na agenda de discussão da CPLP, é tida como “um setor chave” e “um instrumento de relações internacionais”, realçou Lapão, recordando que a CPLP foi “a primeira organização de índole regional” a apresentar o tema ao Comité Mundial de Segurança Alimentar, em outubro, em Roma (Itália).

Agora está em curso um trabalho de coordenação com a FAO (agência da ONU para a alimentação) para definir os objetivos a atingir até à cimeira de Maputo (Moçambique), agendada para julho de 2012.

No futuro, a ideia é criar um comité para a segurança alimentar da CPLP, adiantou.

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