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Embaixador em Angola diz que políticas para África vão continuar

O embaixador do Brasil em Angola disse hoje que, com a mudança de Presidente, a política brasileira para Angola e para África vai manter-se, recusou a existência de partidos extremistas no país e negou que Jair Bolsonaro “seja fascista”.

Numa conferência de imprensa na missão diplomática em Luanda, destinada a esclarecer dúvidas sobre o processo eleitoral brasileiro e o que será o futuro das relações do Brasil com África, Paulino Carvalho Neto assegurou que a ligação com Angola não será alterada e garantiu que as 35 embaixadas brasileiras em África continuarão a trabalhar em prol do desenvolvimento.

“As relações com Angola continuam e continuarão intensas e tradicionais. Já cooperamos com Angola em diversas frentes, na cooperação técnica, na saúde, na educação, além das relações comerciais, que são intensas, sem falar nas culturais, pois temos o Centro cultural Brasil-Angola em Luanda”, afirmou.

Questionado pela agência Lusa sobre se a política brasileira para África, lançada pelo antigo presidente Luís Inácio Lula da Silva, estaria em perigo com a mudança de chefe de Estado, Paulino Neto disse que nada irá mudar.

“Não, de modo algum. O Brasil mantém e manterá relações intensas com todos os países. Temos uma prioridade básica inicial, como Angola tem aqui com os países da África Austral e subsaariana, [que é desenvolver as relações comerciais] na América do Sul. Mas mantemos e manteremos relações intensas com todos os países africanos”, disse, lembrando a rede de 35 embaixadas em África, que vai manter-se.

Sobre a política interna brasileira, Paulino Neto considerou “equivocados” os que pensam que o Presidente eleito está ligado à extrema-direita ou que é “fascista”.

“No Brasil não há extrema-direita nem extrema-esquerda. Há partidos conservadores de direita e partidos de esquerda. O Presidente eleito é um liberal conservador, não é um político de extrema-direita, ao contrário do que muitas vezes é dito, equivocadamente”, sublinhou.

“Como também o Partido dos Trabalhadores (PR) não é um partido de extrema-esquerda, é um partido de centro-esquerda e de esquerda nalguns momentos. Essa tendência de alguns setores da opinião pública e de alguns meios de comunicação [social] verem aí algum extremismo parece-me absolutamente inadequada e não corresponde à realidade”, acrescentou.

Para o diplomata brasileiro, Jair Bolsonaro já indicou que irá adotar uma política liberal e privilegiar a iniciativa privada, facto que os analistas económicos afirmam que “poderá fazer crescer ainda mais” a economia brasileira, criando riqueza, emprego e mais investimentos.

“E isso tem também um efeito externo, pois as empresas brasileiras que estão presentes noutros países poderão investir mais”, sublinhou.

Sobre as acusações de “fascismo, xenofobia e racismo” feitas a Bolsonaro, o embaixador brasileiro afirmou tratar-se de uma visão “absolutamente equivocada”.

“Acho uma visão absolutamente equivocada essa ideia de usar a expressão ‘fascismo’ sem saber exatamente do que se trata. Historicamente, o fascismo não foi isso e o Presidente eleito Bolsonaro está muito longe disso. É uma opinião, respeitável, mas equivocada. O discurso e a campanha política que [Bolsonaro] se fez no Brasil não corresponde a essas qualificações. É uma opinião que terá de estar baseada em facto, e os factos não favorecem essa opinião”, referiu.

O candidato do Partido Social Liberal (PSL, extrema-direita) Jair Messias Bolsonaro, 63 anos, capitão do Exército reformado, foi eleito no domingo, na segunda volta das eleições presidenciais, o 38.º Presidente da República Federativa do Brasil, com 55,1 por cento dos votos.

De acordo com os dados do Supremo Tribunal Eleitoral, Fernando Haddad, candidato do Partido dos Trabalhadores (PT, esquerda), conquistou 44,9 por cento dos votos, enquanto a abstenção foi de 21 por cento, do total de mais de 147,3 milhões de eleitores inscritos.

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