A Eslovénia foi sacudida por um terramoto político. As eleições legislativas de ontem foram ganhas pelo SMC, um partido fundado há seis semanas e cujo líder, Miro Cerar, prometeu renegociar as privatizações já acordadas (ou forçadas?) com a União Europeia.
Com 34,8 por cento dos votos, o Partido de Miro Cerar (SMC) venceu, ontem, as eleições legislativas na Eslovénia, garantindo 36 deputados num Parlamento com 90 eleitos.
Se desconhece o partido, não se assuste: é que tem apenas seis semanas de existência. Apesar de ainda bebé no cenário político, o SMC superou o tradicional vencedor, o Partido Democrático Esloveno (SDS).
Esta força de direita, que conquistou 20,6 por cento dos votos, foi o principal castigado pelos eleitores, que puniram nas urnas os movimentos políticos afetados por escândalos de corrupção e responsáveis pela crise num país que esteve na iminência de ser resgatado, tal como foi Portugal.
Esse resgate só foi evitado porque a Eslovénia negociou, com a União Europeia (UE), um vasto programa de equilíbrio orçamental, que inclui um pacote largo de privatizações, como a venda do aeroporto de Liubliana.
Neste ponto surge o epicentro do foco político: Miro Cerar, o líder do SMC, prometera renegociar as condições desse programa, embora rejeitando a hipótese de romper por completo o acordo com a UE.
“O nosso partido terá como objetivo cumprir com as obrigações acordadas com a UE, mas iremos procurar a nossa própria maneira de atingir essas metas, de uma forma melhor para a Eslovénia”, afirmou o futuro primeiro-ministro esloveno, um professor de Direito com 50 anos de idade.
“Farei o meu melhor para que o programa de privatizações comece este ano. Será uma das prioridades do meu Governo”, garantiu Miro Cerar, citado pela Reuters.
Alenka Bratusek, a primeira-ministra demissionária, é a outra grande derrotada de ontem, apesar de ter suspendido o processo de privatizações durante o período eleitoral.