Categorias: Nas Notícias

Editar em Portugal “é mais fácil” para autores angolanos, mas depende

O editor livreiro Zeferino Coelho defende que “é mais fácil aos autores angolanos editar” em Portugal e chegar a outras paragens, nomeadamente o Brasil, enquanto o escritor angolano Pepetela considera que “depende”, justificando-se pelos “percursos individuais” dos autores.

Para Pepetela, que recentemente publicou em Portugal “Sua Excelência de Corpo Presente”, em declarações à agência Lusa afirmou: “Eu acho que depende, há muitos percursos individuais, há gente que se lançou e é conhecida, publicando em Londres”.

“O Sousa Jamba, por exemplo, começou por publicar o livro dele, ‘Os Patriotas’, em Londres, e só depois em Luanda, mas há outros casos que passaram por Portugal, sobretudo mais da minha geração”, disse o escritor nascido há 77 anos, em Benguela, no sul de Angola, e que, em 1997, se tornou o primeiro autor angolano a receber o Prémio Camões.

Depois da independência de Angola, a 11 de novembro de 1975, os autores angolanos começaram a ser publicados em Portugal. Pepetela recordou que “havia um acordo entre a União de Escritores Angolanos (UEA) e as Edições 70, em Portugal”.

“Esse grupo, dos primeiros escritores que formaram a UEA, passaram a ser conhecidos em Portugal, com mais ou menos destaque, e uns foram traduzidos e outros não”, disse Pepetela, referindo que “há escritores que publicaram em Luanda e foram traduzidos para outras línguas”, e citou o poeta Lopito Feijó, que publicou em Espanha, antes de publicar em Portugal.

Lopito Feijó, 55 anos, foi cofundador da Brigada Jovem de Literatura de Luanda e é membro da UEA. Em 2015, publicou “Desejos da Aminata”, obra poética inspirada na sua mulher. O poeta, que foi deputado à Assembleia Popular, está também traduzido, entre outros idiomas, em francês e inglês.

Pepetela reconheceu que “Portugal tem ainda um papel importante”, mas referiu que a edição no Brasil, sendo “rara”, já vai acontecendo, e permite mais rapidamente o acesso ao mercado de língua espanhola, “e a partir do espanhol, parece-me, há uma difusão maior”.

O editor livreiro Zeferino Coelho, por seu turno, argumentou que “o facto de as editoras nacionais, prestigiadas, interna e internacionalmente, que compram e vendem direitos de publicação”, serem “conhecidas um pouco por todo lado”, dá uma maior visibilidade aos escritores que editam, nomeadamente os angolanos.

“Isto é assim desde há bastante tempo, continua a ser e acho que vai ser”, argumentou.

Zeferino Coelho lidera a Editorial Caminho, que publicou a coleção “Uma terra Sem Amos”, no âmbito da qual vários escritores africanos de língua portuguesa editaram, como “A Conjura”, do angolano José Eduardo Agualusa, que continua a publicar em editoras portuguesas.

O Grupo LeYa, do qual faz parte a Editorial Caminho, que é liderada por Zeferino Coelho, tem uma editora em Angola, a Nzila

Jorge Mendonça, Ondjacki, Luandino Vieira ou Pepetela, de quem saiu recentemente “Sua Excelência de Corpo Presente”, e Kalaf Epalanga, que no ano passado lançou “Também os Brancos Sabem Dançar”, são alguns dos escritores angolanos que editam sob a chancela do grupo LeYa.

“É melhor publicar [em Portugal], que apenas em Angola. Aqui ganham maior visibilidade porque há atenção de meios [de comunicação] internacionais do que se passa no mundo Língua Portuguesa”, disse Zeferino Coelho à Lusa, referindo, todavia, que “não é algo muito forte, mas ainda assim há”.

O editor realçou ainda que a atenção que em Portugal se presta a um autor angolano “é maior” que noutros países, e que atividade editorial portuguesa é mais dinâmica do que a angolana.

Lusa

Partilhar
Publicado por
Lusa
Etiquetas: ÁfricaAngola

Artigos relacionados

Euro Dreams resultados de hoje: Chave do EuroDreams de quinta-feira

Euro Dreams Resultados Portugal: A mais recente chave do EuroDreams é revelada hoje. Conheça os…

há % dias

Hipertensão arterial: combater o ‘assassino silencioso’ é mais importante do que nunca

Artigo de opinião de Denis Gabriel, Neurologista, membro da Direção da Sociedade Portuguesa do AVC.…

há % dias

Células estaminais: perspetivas terapêuticas promissoras nas doenças inflamatórias

View Post Artigo de opinião da dra. Andreia Gomes, diretora-técnica e de Investigação e Desenvolvimento…

há % dias

16 de maio, Junko Tabei torna-se na primeira mulher a chegar ao topo do Everest

A alpinista japonesa Junko Tabei, que nasceu em Fukushima, a 23 de maio de 1939,…

há % dias

Mover-se (bem) pela saúde do aparelho locomotor

Enveredar pela jornada de perda de peso, quando o objetivo é combater quadros de excesso…

há % dias

Números do Euromilhões: Chave de terça-feira, 14 de maio de 2024

Conheça os resultados do sorteio do Euromilhões. Veja os números do Euromilhões de 14 de…

há % dias