A Economist Intelligence Unit (EIU) prevê que a economia de Angola se mantenha em recessão até 2020, prolongando os crescimentos negativos dos últimos anos devido à descida de preço do petróleo desde o verão de 2014.
“As perspetivas económicas de Angola continuam fracas, com a recessão de três anos a continuar até 2020”, lê-se numa análise à economia e política de Angola, em que se refere que a produção de petróleo caiu quase 10 por cento no ano passado e que a atração de investimento externo continua difícil.
De acordo com o relatório, que não detalha a previsão de crescimento económico negativo para este e o próximo ano, “apesar da introdução de numerosos incentivos fiscais, tem sido difícil atrair investimento internacional para os seus recursos petrolíferos nas águas ultraprofundas, onde o preço de ‘break-even’ é mais elevado”.
O documento, enviado aos clientes e a que a Lusa teve acesso, prevê uma inflação de 17,8 por cento para este ano “devido ao enfraquecimento do kwanza e às descidas das taxas de juro” e afirma que “as medidas para combater a inflação vão ser prejudicadas pela dinâmica cambial, combinada com o corte de julho aos subsídios da eletricidade”.
Os últimos dados disponíveis sobre o andamento da economia angolana registam uma recessão de 1,2 por cento no ano passado, segundo a revisão feita pelo Instituto Nacional de Estatística no final de julho, que melhorou a previsão de crescimento negativo, de 1,7 por cento, para 1,2 por cento do PIB.
De acordo com o documento sobre as Contas Nacionais Trimestrais relativas aos primeiros três meses deste ano, a economia angolana teve crescimentos negativos de 2,5 por cento de janeiro a março de 2018, de 3,8 por cento no segundo trimestre, de 1,3 por cento no terceiro trimestre e entrou em território positivo nos últimos três meses do ano, quando registou uma expansão económica de 2,6 por cento.
Nos primeiros três meses deste ano, a economia angolana voltou a ‘entrar no vermelho’, registando uma contração da atividade económica que o INE estima ter sido de 0,4 por cento, o que terá levado o executivo a rever, logo em abril, a perspetiva de crescimento, de 3,2 por cento, para 0,4 por cento no conjunto de 2019.
Em abril deste ano, o Governo angolano reviu em baixa a estimativa de crescimento, de 3,2 por cento este ano esperados no final do ano passado, quando assinou o programa de financiamento com o Fundo Monetário Internacional, para 0,4 por cento.
A nível político, a EIU prevê que o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido de João Lourenço, no poder, vença as eleições do próximo ano, “mantendo o seu domínio nas urnas devido ao forte controlo do aparelho de Estado e tendo a vantagem de estar no poder a nível nacional”.
O Presidente, prevê a unidade de análise económica da revista britânica The Economist, “vai tentar manter aquilo que considera ser a sua posição de líder regional, consolidando as ligações económicas e de comércio, continuando a assinar acordos com os seus vizinhos, mas o sentimento protecionista e os gargalos logísticos vão continuar, dificultando o crescimento potencial a médio termo”.
As decisões políticas vão continuar a ser determinadas pelos esforços para aumentar o setor privado na economia, diversificando a economia e aumentando os fluxos de investimento, mas estes esforços vão ser constrangidos pelo ambiente operacional, que ainda é desafiante”, dizem os analistas, concluindo que mesmo o programa de privatizações recentemente anunciado vai enfrentar dificuldades não só pelas “dificuldades logísticas”, como pela relativa incipiência do setor financeiro angolano.
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