Economia

Economist Intelligence Unit prevê recessão de 2,2% este ano em Moçambique

A consultora Economist Intelligence Unit (EIU) prevê uma recessão de 2,2 por cento este ano em Moçambique devido aos efeitos dos ciclones na economia, que deverá recuperar em 2020, com um crescimento “modesto” de 2,7 por cento.

“Houve prejuízos extensos nas infraestruturas, construções, portos e agricultura devido aos ciclones, que deverão pesar fortemente na economia neste e no próximo ano”, avisam os consultores da unidade de análise económica da revista britânica The Economist, os únicos entre as principais consultoras a anteverem uma recessão no país este ano.

Numa análise à economia moçambicana, enviada aos clientes e a que a Lusa teve acesso, os analistas da Economist escrevem que o crescimento de Moçambique deverá “recuperar de forma modesta” em 2020, com uma expansão de 2,7 por cento, acelerando para uma média de 4,6 por cento entre 2020 e 2022, ainda assim abaixo da média superior a 7 por cento dos anos antes da descida do preço das matérias-primas e da crise das dívidas ocultas.

A indústria do gás será um dos principais motores do crescimento da economia, diz a EIU, apontando os investimentos da Eni, ExxonMobil e da Anadarko como exemplos de grandes petrolíferas mundiais que preparam avultados investimentos no país, “o que deverá tranquilizar outros investidores e melhorar a confiança na economia”.

No entanto, alertam, “a construção dos equipamentos implica enormes importações e, como resultado, a contribuição direta do gás natural liquefeito para o crescimento económico será limitado até a produção começar, o que deverá acontecer a partir de meados da próxima década”.

Ainda assim, ressalvam, “o início da produção do campo Coral, que deverá acontecer em 2023, vai aumentar o crescimento no final do período da análise, levando a uma expansão real do PIB de 7,5 por cento nesse ano”.

A inflação deverá aumentar este ano, para 7,1 por cento “devido às pressões resultantes das graves perturbações no setor agrícola, que obriga a significativas importações alimentares, aumentando ligeiramente para 7,2 por cento em 2020 e mantendo-se perto dos 6 por cento até 2023.

O metical deverá continuar a descer de valor face ao dólar, “devido à inflação elevada e défices no orçamento e na balança corrente”, devendo valer, em média, 64,7 por dólar este ano, desvalorizando-se continuamente até serem necessários 69,4 meticais por dólar em 2022.

Do ponto de vista político, a análise da EIU salienta o domínio das eleições presidenciais e parlamentares em 15 de outubro e as negociações de paz entre os dois principais partidos políticos no país

“A Frelimo [Frente de Libertação de Moçambique], partido no poder, vai ter de conseguir suplantar as frustrações dos eleitores sobre o alto nível de desemprego e as limitadas oportunidades económicas, com a política orçamental a continuar a tentar aumentar os padrões de vida para estancar estas tensões”, escrevem.

A Frelimo, dizem, “vai continuar a exercer o seu domínio do espaço político e a sua influência sobre as instituições estatais e a comunicação social vai ser uma vantagem” e, por isso, esperam que vença as eleições de outono.

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