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Economia de Moçambique deve crescer 1,8% em 2019 e 6% em 2020, diz FMI

O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que o crescimento da economia moçambicana caia de 3,8 por cento previstos para este ano para 1,8 por cento, devido aos ciclones, antevendo um ressalto para uma taxa de 6 por cento em 2020, segundo uma análise hoje divulgada.

“Espera-se que o crescimento recupere e a inflação desacelere em 2020, graças aos esforços de reconstrução e condições de normalização dos setores económicos mais afetados pelo ciclone”, nomeadamente a agricultura, refere um relatório do fundo, em linha com as previsões das autoridades do país.

O relatório surge a propósito da concessão de um financiamento de 118 milhões de dólares (105 milhões de euros) a Moçambique, livre de juros, anunciado em abril, para permitir ao país enfrentar os efeitos do ciclone Idai, que atingiu o centro do país em março, matou 603 pessoas e afetou 1,5 milhões.

O FMI antevê depois taxas de crescimento de 4 por cento em 2021 e 2022, previsões que sobem para 9,2 por cento em 2023 e 11,5 por cento em 2024 graças à exploração de gás natural.

Ou seja, a riqueza produzida por Moçambique deverá chegar este ano a 15.100 milhões de dólares (pouco mais que o Produto Interno Bruto do Alentejo português), mas daqui por cinco anos prevê-se que seja dois terços maior: 24.200 milhões de dólares.

O FMI prevê ainda que a inflação seja mais alta que o previsto este ano (8,5 por cento em vez de 5,5 por cento) devido ao “choque provocado pelo ciclone Idai na disponibilidade de alimentos na região da Beira, que representa cerca de um quinto do Índice de Preços do Consumidor”.

Nos anos seguintes, deverá estabilizar em 5,5 por cento, acrescenta.

A equipa do FMI que visitou Moçambique em março e as autoridades do país “concordaram em apontar para um limite do défice fiscal primário, após doações, de 2,5 por cento do PIB em 2019” e que deverá “ser eliminado a médio prazo, após um aumento inicial durante o pico dos gastos com assistência e reconstrução”.

Prevê-se ainda que o défice da conta corrente, excluindo os gastos com megaprojetos, “diminua a média prazo, apoiado por esforços de consolidação orçamental”.

“Os riscos permanecem amplamente equilibrados”, resume o FMI.

O fundo reitera algumas recomendações: “abordar as vulnerabilidades de governação e corrupção de Moçambique terá potencialmente um impacto positivo sobre as perspetivas de crescimento inclusivo”.

Medidas legislativas e institucionais “foram adotadas e estão em andamento para fortalecer a boa governação, transparência e prestação de contas, mas é necessário mais trabalho”.

Uma análise de sustentabilidade incluída nos documentos hoje divulgados nota que a dívida pública moçambicana continua no nível de ‘distress’, ou seja, acima dos valores máximos prudenciais , mas com uma perspetiva “sustentável”.

Estima-se que a dívida do setor público no final de 2018 tenha chegado a 110,5 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), mais 0,1 que em 2017, evoluindo para 117 por cento em 2019 e 111,4 por cento em 2020, sobretudo devido aos encargos do Estado ao entrar como sócio nos consórcios de petrolíferas internacionais que vão explorar o gás natural.

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