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“É preciso uma nova revolução”, pede o ‘capitão’ Otelo, agora que o “povo submisso” acorda para a realidade

oteloO ‘capitão de Abril’ Otelo defende que “é preciso uma nova revolução”, agora que “o povo submisso e de brandos costumes está a acordar para uma realidade avassaladora”. O único problema é a falta de garantias que “a evolução para essa revolução possa ser pacífica”.

Otelo Saraiva de Carvalho, antigo ‘capitão de Abril’, insistiu na tese que defendeu em novembro do ano passado: as Forças Armadas, enquanto “guardiãs da Constituição da República”, têm de possibilitar a realização de um golpe de Estado. “Os limites foram ultrapassados”, garantiu um dos operacionais do 25 de Abril.

“É preciso uma nova revolução, há essa tendência de que é preciso modular isto tudo de novo, mas ninguém pensa que a evolução para essa revolução possa ser pacífica. Esse é o grande temor que existe”, afirmou Otelo, citado pela Lusa, garantindo sentir que esse desejo de revolução “está latente” na sociedade.

“Quando se abre uma esperança enorme para o povo e o povo acredita que vai a caminho de algo que nunca tinha tido, e quando há uma regressão para níveis insustentáveis, de pobreza, de regresso a situações anteriores”, disse o militar, ficam ainda mais “exacerbados os ódios que se foram acumulando”. Os reflexos começam a ser visíveis nas manifestações, que Otelo acompanha “com bastante emoção e um crescendo de ansiedade para ver onde vai desaguar esta enorme corrente de descontentamento que hoje grassa” na sociedade portuguesa.

“Finalmente, o nosso povo submisso e de brandos costumes está a acordar para uma realidade que é pungente e que está a ser avassaladora num país que abriu uma esperança enorme com o 25 de Abril e que agora se vê, menos de 40 anos depois, num estado em que a pobreza aumentou 80 por cento em 20 anos, em que a classe média está a regredir e a passar a níveis de pobreza que eram impensáveis até há pouco tempo”, sustentou.

O antigo operacional da ‘revolução dos Cravos’ criticou o Governo, que “não serve os interesses do povo” e “viola a Constituição de que as Forças Armadas são guardiãs”, e a perda de influência dos militares, “muito diferentes” de 1974: “não vejo que o Exército tenha neste momento capacidade de conseguir fazer alguma coisa por este povo”.

“Tal como disse em novembro do ano passado, com 800 homens eu fazia uma operação militar e mudava o regime. Mais do que mudar o governo, é preciso mudar o regime”, repetiu Otelo.

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