Num dos meus últimos processos meditativos observei fluidamente a criança da minha Alma. Não apenas a criança do conhecimento desta vida, mas sim as várias crianças que caminham nos meus corpos desde que viajo na escola humana.

Como as palavras não são suficientes para descrever determinadas experiências que vamos saboreando ao nível da Essência, vou fazer o meu melhor para vos partilhar aquilo que resgatei com esta minha última conquista.

Sempre com o objectivo de desenhar o meu percurso para aqueles que de alguma forma se espelham na minha caminhada.

Esta pormenorizada observação possibilitou-me decifrar mais do porquê da dificuldade que encontro em aceitar que tudo o que me acontece é o mais correcto para que a conquista da libertação do meu Ser seja atingida.

Alguns autores realçam as crianças interiores, mas sou sincera nunca dei grande importância pois nunca tinha percepcionado esta energia em mim.

Talvez pela fragilidade em que consiste e de inconscientemente saber que ao confrontar-me com ela iria sentir-me culpada pelas minhas atitudes no passado. Assim fui vivendo, ignorando-a e contracenando com outros adultos que da mesma semelhança possuíam… Crianças carentes de Amor que habitam camufladas em corpos adultos, resultando em relações desequilibradas baseadas em medos que levam a cobranças pela falta de estrutura espiritual, mental e emocional.

Ao observarmo-nos com serenidade percebemos que são apenas energias mais densas que só precisam de ser identificadas como tal, pois a partir do momento que as detectamos só temos que ser práticos percebendo que já não fazem parte de nós mas sim de um passado que temos que libertar para que a vida seja finalmente apreciada na beleza que é…

Devido a causas externas não criamos espaço para dar atenção a estas forças que são a causa de grandes conflitos existentes entre os Homens. Para que a Paz permaneça nos nossos corações é preciso fazer crescer em Amor estas crianças que vivem carentes no nosso interior. O trabalho de perdão a todos aqueles que nos acompanharam nas várias infâncias e que eles mesmos também careciam do mesmo tipo de sentimento, é a receita. Se assim não for vamos continuar aparentemente felizes com os brinquedos ilusórios que vamos adquirindo, escondendo as inseguranças que acabam por se destacar no período de transição para um novo brinquedo. Muitos não se apercebem desta condição na totalidade porque ainda lhes é permitido ter luxuosos quartos de brinquedos e um sem fim de distracções… mas existem aqueles que Deus eliminou todas as possibilidades de prosseguirem com as brincadeiras humanas de pura diversão. Percebem agora o porquê de tantos divórcios, a falta de amizades, dificuldade em encontrar um emprego, um novo companheiro… condições estas que levam à aparente solidão e afastamento da sociedade… Existe aqui um claro anular de energias semelhantes, deixamos de nos identificar com muitos daqueles ou daquilo que era harmonioso no passado e estranhamos o que está suceder. O pensamento do porquê de já não nos sentirmos bem com aquilo que era tão saudável para nós começa a amedrontar-nos e entramos em introspecção.

Para os felizardos que experienciam esta fase da vida dirigem-se as minhas humildes orações de alento para que continuem o caminho transformando o velho paradigma na nova realidade. Este é sem dúvida o momento em que temos a possibilidade de evoluir procurando o Puro Amor ao invés de cairmos na depressão. Aqui se dá o contemplar da magia da Vida. Entregando os porquês da causa de toda esta condição avançamos para a próxima etapa com mais sabedoria. Para que este processo, aparentemente simples na teoria e complexo na prática, possa ser mais rápido de ultrapassar é de extrema importância aprendermos a eliminar as energias que estão a perturbar as potencialidades do coração…

Desta forma ficaremos mais graciosos para Servir, com menos bloqueios e mais Singelos no Amor.