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Dr. Sem Abrigo: Ruas de Lisboa são o lar de 22 pessoas com curso universitário

sem-abrigosem abrigo scmlA Santa Casa da Misericórdia de Lisboa analisou os sem-abrigo da cidade, detetando 852 pessoas, sendo que cinco por cento tem curso superior. São os ‘Dr. Sem-Abrigo’, um fenómeno perturbador de pessoas que frequentaram a universidade e não têm lar. A maioria dos sem-abrigo de Lisboa moram nas ruas há pelo menos um ano. O sem-abrigo mais jovem tem 16 anos, o mais idoso conta 85.

A Santa Casa estudou a realidade dos sem-abrigo da capital, definindo uma espécie de ‘bilhete de identidade’ desta população que vive nas ruas. E os dados são perturbadores.

Segundo este estudo, divulgado nesta quarta-feira (feito após contagem realizada a 12 de dezembro de 2013), há na capital portuguesa 852 pessoas nesta situação, sendo que 22 concluíram a formação universitária.

Há sem-abrigo portugueses e estrangeiros, casados e solteiros, jovens e idosos, pais e mães, pessoas que não têm lar há pelo menos um ano. Há pessoas em idade para trabalhar, mas que não conseguem entrar em nenhuma porta, muito menos no mercado laboral.

A exceção que confirma a regra é a porta dos Centros de Acolhimento, mas apenas 343 sem-abrigo recorrem a eles. Mais de 500 pessoas vivem, sempre, sempre na rua.

A esmagadora maioria dos sem-abrigo são homens: 87 por cento. A idade de metade deles situa-se entre os 34 e os 54 anos. O sem-abrigo mais jovem tem 16 anos, o mais idoso conta 85.

Cerca de metade diz ter filhos, a maioria dos quais à distância da vergonha. Outros há que estão todos os dias com os seus filhos. Mas são poucos. Poucochinhos: apenas 14 por cento.

Este estudo da Santa Casa foi feito através de inquéritos realizados ao longo de alguns meses, com o apoio de voluntários, no âmbito do programa InterSituações da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

Um em cada três sem-abrigo vive nas ruas há um ano, pelo menos. Há 17 por cento que não têm teto há três anos, outros 15 por cento estão entre três e seis anos, nesta situação. Um sem-abrigo vive na rua há 40 anos!

A formação académica varia. Há sete por cento sem saber ler ou escrever, mas um terço concluiu o ensino secundário, fez um curso técnico ou superior. Há sem-abrigo com canudo universitário.

Este levantamento permitiu saber que metade dos desalojados apresenta problemas de saúde, que são agravados com a sua condição. Apesar de tudo, apenas três por cento recebe cuidados médicos.

A esmagadora maioria não consome drogas: 63,9 por cento nunca experimentaram, sequer. Grande parte não tem problemas de alcoolismo.

Sete em cada dez não possui qualquer fonte de rendimento, mas percentagem idêntica recebe ajuda alimentar, de acordo com este estudo da Santa Casa, que traçou um raio-X de uma Lisboa que esconde situações dramáticas, postas a descoberto numa iniciativa notável.

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