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Dois Nobel da Paz em guerra por causa de um genocídio

Um prémio Nobel da Paz abriu guerra a outra Nobel da Paz. Desmond Tutu, agraciado em 1984, critica o silêncio de Aung San Suu Kyi, distinguida em 1991, sobre o genocídio da minoria rohingya em Myanmar. “O preço do seu silêncio é demasiado alto”, afirmou o arcebispo sul-africano.

Ambos sabem do que falam. Desmond Tutu ganhou o Nobel da Paz pela luta contra o ‘apartheid’ na África do Sul, Aung San Suu Kyi pela luta contra a ditadura da Junta Militar em Myanmar, a antiga Birmânia.

E é em Myanmar que o exército tem procedido a uma limpeza étnica da minoria rohingya com o silêncio cúmplice de Aung San Suu Kyi, a conselheira de Estado que é, segundo os analistas, a verdadeira líder do país.

Foram os “horrores em curso” no estado de Rakhine que levaram Desmond Tutu a escrever à “adorada irmã”, que considera “um símbolo de justiça”.

“Estou velho, decrépito e na reforma, mas quebro assim o meu voto de silêncio sobre questões públicas por causa desta profunda tristeza”. Assim começa a mensagem do sul-africano, que volta a intervir publicamente aos 85 anos de idade.

“O que alguns classificam como limpeza étnica e outros como genocídio lento persiste e está a acelerar. É incongruente que um símbolo de justiça lidere um país assim. Se o preço político da sua ascensão ao mais alto gabinete público de Myanmar é o seu silêncio, o preço é seguramente demasiado alto”, acusou o Nobel da Paz de 1991.

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