Artigo de opinião de Ana Paiva, nefrologista, membro do Conselho Consultivo da ANADIAL
A nível mundial estima-se que a Doença Renal Crónica possa afetar cerca de 700 a 840 milhões de pessoas, com uma prevalência estimada em 8-14%. Esta patologia tem diferentes estádios sendo a progressão para estádio 5 correspondente à Doença Renal Crónica com necessidade de tratamento de substituição da função renal. Nesta fase a pessoa pode precisar de diálise (hemodiálise ou diálise peritoneal) ou de um transplante renal.
A diálise é um procedimento vital para mais de 13 mil portugueses. Para estas pessoas, a diálise não é apenas um tratamento médico, mas também uma parte integrante da sua rotina diária, necessária para manter o equilíbrio dos fluidos e a eliminação de toxinas do corpo. A interrupção do tratamento pode resultar em complicações graves e risco de vida.
Há receios associados à doença e ao tratamento, bem como limitações relacionadas com alterações decorrentes desta condição, que são extremamente desafiantes e que podem condicionar as escolhas diárias destas pessoas e das suas famílias.
As férias são um momento de pausa para lazer e para aproveitar a companhia da família e amigos. As pessoas em tratamento de substituição da função renal podem ir de férias com alguns cuidados.
As férias de quem está em diálise podem transformar-se numa fonte de ansiedade e preocupação, uma vez que necessitam de manter o tratamento, a medicação e os cuidados alimentares. Quem faz hemodiálise, três vezes por semana, precisa de uma clínica que assegure os tratamentos; quem faz diálise peritoneal precisa de ajuda para a entrega dos consumíveis de que necessita.
Os doentes renais enfrentam, por isso, desafios únicos quando se trata de planear férias e é crucial que a sociedade compreenda e apoie estas necessidades especiais. Seja em Portugal, numa cidade distante da sua residência, ou num destino de férias europeu / fora da Europa, é necessário encontrar uma clínica de diálise apta a realizar o tratamento. Acresce a ansiedade de sair da “zona de conforto”, ou seja, a clínica onde realizam o tratamento ou o hospital que lhes dá apoio em caso de necessidade.
Esta preocupação é ainda maior na primeira vez que vão de férias após iniciar tratamento de substituição da função renal.
Para ajudar deixamos seis recomendações aos doentes renais crónicos que desejam ir de férias:
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