Economia

Diz o presidente da CAP: Os novos agricultores não têm terra para cultivar

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João Machado, presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal, rejeita a ideia de que em Portugal exista terra ao abandono. “Quando vamos para culturas muito intensivas precisamos de qualidade e aí é difícil de arranjar terrenos e são caros”, argumentou.

Quem está a virar-se para a agricultura encontra um problema: não encontra um bom terreno para a produção. Quem o diz é o presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), João Machado.

Em entrevista à Lusa, o responsável da CAP contrariou a ideia generalizada de que existem terras ao abandonado por não haver quem as trabalhe.

“Não há abandono”, garantiu João Machado. O que faltam é “terra” que sirva para a agricultura, explicou: “Portugal não tem muitos terrenos de grande qualidade. Quando vamos para culturas muito intensivas, onde temos de ser muito competitivos, precisamos de qualidade e aí é difícil de arranjar terrenos e são caros”.

De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística, relativos ao ano de 2013, a Superfície Agrícola Não Utilizada diminuiu cerca de 20 por cento relativamente a 2009, apresentando o valor mais baixo desde que há registos estatísticos: pouco mais de 100 mil hectares.

“Nós não temos solos muito ricos”, acrescentou João Machado, salientando que o clima mediterrânico atlântico não propicia solos adequados a produzir com muita rentabilidade e em grande quantidade.

“Temos um país muito acidentado, portanto os nossos melhores solos, que estão normalmente nas bacias dos rios não são muitos. Esses já estão quase todos aproveitados”, reforçou.

A agricultura portuguesa ainda tem espaço para crescer, mas não muito: “Não podemos ser competitivos em tudo. Temos de definir muito bem aquilo que queremos em termos de produtos e tentar fazer vingar os nossos produtos nesses mercados pela sua diferença e pela sua qualidade. Também fundamental é desenvolver as áreas de comercialização e marketing”.

O dirigente da CAP classificou a bolsa de terras como “um bom veículo” para cativar novos agricultores, mas apontou o “longo caminho” que ainda existe para quem tem de lidar com esse processo: “Estamos numa fase embrionária ainda. Falta habituação [para as pessoas] porem lá as terras e irem lá à procura das terras”.

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