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Disciplina para lamentar

Enquanto meio país dá voltas, ainda que com razão, para tentar impor a redução de deputados, e inerentes regalias na assembleia da república, como simples cidadão português votante há uma coisa que me inquieta muito mais.

Quando somos chamados às urnas a eleger deputados, votamos em pessoas, pessoas que mais do que um governo ou primeiro-ministro, são a nossa voz, a voz da nossa região numa assembleia onde a maioria berra mais alto. É assim esperado que estes deputados (eleitos por nós), que mereceram a nossa confiança movam mundos e fundos pelo eleitor que lhe deu o cargo, utilizem o seu voto no interesse do povo. No entanto tudo cai por terra quando se aplica “A disciplina de voto”.
Será que ninguém vê toda a ilegalidade que rodeia este termo? “Disciplina de voto”, mas afinal nós votamos apenas num pau mandado que não pode comprometer o seu partido? Votamos em alguém que afinal não nos está a representar mas continua a servir o seu partido, provavelmente muitas vezes contra as próprias convicções, e sem dúvida muitas vezes contra as necessidades da região que lhe deu o cargo.

Como é possível um sistema político que se apelida de democrático obrigue literalmente, e vamos chamar-lhe obrigação e não disfarçar com uma palavra diferente, obrigue o representante do povo a agir como quer e não como o povo necessita.

Só o simples facto de lhe querer chamar “disciplina”, mostra a podridão de um sistema que notoriamente não funciona.
Há coisas que têm de mudar, mas há coisas que por porem em causa a verdadeira palavra “democracia” têm de mudar com urgência.

Mas este desabafo não faz muito sentido, se pensarmos que o mesmo sistema político que permite que se use o termo “disciplina de voto”, se refugia noutro termo anedótico – “imunidade parlamentar”.

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