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Dirigentes do PSD que promoveram viagens pagas pela Microsoft culpam o “PSD desagradado”

Os dois dirigentes do PSD implicados no caso das viagens de autarcas pagas pela Microsoft culpam os rivais internos pela polémica. Mauro Xavier diz mesmo que “a fonte utilizada é um PSD desagradado” e Pedro Duarte critica a mistura de “determinados interesses político-partidários” com “a vida profissional”.

Em causa estão viagens a Seattle (EUA) que levaram a Microsoft a pagar cerca de 750 euros por cada autarca convidado. E dos três que confirmaram essa viagem, quando questionados pelo Observador, dois são do PSD: Ricardo Rio (Braga) e Paulo Cunha (Famalicão). Rui Pereira (PS), vice-presidente da Câmara de Sintra, também viajou a convite da tecnológica.

As viagens, com um custo (pago pela Microsoft) a rondar os 750 euros por autarca, foram anteriores ao pagamento de licenças de software da Microsoft, por ajustes diretos a empresas terceiras, feito por Braga, Famalicão e Sintra: no conjunto, as autarquias pagaram mais de meio milhão de euros pelas licenças.

A situação foi relatada ontem pelo I, que denunciou o “polvo laranja na Microsoft“, e causou óbvio desconforto entre os dois sociais-democratas que, de acordo com o jornal, intermediaram o convite da empresa aos autarcas: Pedro Duarte e Mauro Xavier.

Pedro Duarte é, desde 2011, diretor de assuntos legais e institucionais da Microsoft. Mas também é candidato à presidência da Assembleia Municipal no Porto nas próximas autárquicas, foi secretário de Estado da Juventude, dirigiu a campanha presidencial de Marcelo e ainda tem no currículo a liderança da JSD.

Na reação à notícia, através das redes sociais, Pedro Duarte implicou “determinados interesses político-partidários” por misturarem as recentes polémicas com viagens de políticos pagas por empresas (Galp, Oracle e Huawei, por exemplo) com “a vida profissional”.

Bem mais crítico foi Mauro Xavier, até há poucos meses presidente da concelhia de Lisboa do PSD e que, em 2010, dirigiu a campanha de Passos Coelho na disputa pela liderança do partido.

Até porque, como recorda o I, era Mauro Xavier quem representava a Microsoft (na apresentação destes convites a políticos) até 2011, ano em que assumiu a liderança do PSD Lisboa e foi substituído na empresa norte-americana por… Pedro Duarte.

“O Ionline apresenta um conjunto de supostos factos apenas com o propósito de me descredibilizarem. A fonte utilizada é um PSD desagradado com a minha decisão de não mais apoiar a atual liderança”, justificou Mauro Xavier, no Facebook, acrescentando: “Há muita gente nervosa com o futuro do PSD e pelos vistos com o que eu penso e quero para o meu partido. (…) Depois [das autárquicas] falaremos das nossas diferentes ideias para o nosso partido. Olhos nos olhos, sem jogadas miseráveis próprias de outras paragens, mas não do PSD”.

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