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Diretor de órgão que monitoriza desflorestação no Brasil será exonerado

O diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) do Brasil, Ricardo Galvão, anunciou hoje que será exonerado do cargo, após ter criticado o Presidente brasileiro, que acusou o órgão, responsável por monitorizar a desflorestação, de divulgar dados falsos.

Galvão fez este anúncio à saída de uma reunião com o ministro da Ciência e Tecnologia do país, Marcos Pontes, em Brasília.

O INPE tornou-se foco de uma grande polémica após ser duramente criticado pelo Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que disse que o órgão divulgou dados mentirosos sobre o crescimento da taxa de desflorestação da Amazónia, numa reunião com jornalistas estrangeiros no mês passado.

Após estas declarações, Galvão respondeu publicamente que o Presidente teve um comportamento desrespeitoso e fez acusações indevidas a personalidades destacadas da ciência brasileira.

O INPE é um instituto público vinculado à pasta da Ciência e Tecnologia, que monitoriza a desflorestação da maior floresta tropical do mundo, operando sistemas de imagens por satélite.

Galvão disse hoje que o facto de ter rebatido as acusações e ter criticando publicamente o comportamento do Presidente brasileiro causou constrangimento no Governo e, consequentemente, levou à sua exoneração.

“A minha fala sobre o Presidente gerou constrangimento, então eu serei exonerado”, disse a jornalistas após a reunião com o ministro da tutela.

Na última quinta-feira, Bolsonaro voltou a criticar o INPE alegando que os dados daquele órgão sobre a desflorestação da Amazónia são atos de má-fé praticados por funcionários públicos interessados em prejudicar o seu Governo.

“Uma notícia como essa causa um grande prejuízo para o Brasil. Parece que não foi culpa da imprensa, mas de alguém dentro do INPE. (…) Parece que divulgaram esses dados de má-fé. para prejudicar o Governo e desgastar a imagem do Brasil”, declarou Bolsonaro.

O chefe de Estado falava numa conferência de imprensa, em Brasília, na qual o ministro do Meio Ambiente do Brasil, Ricardo Salles, divulgou um estudo feito com informações recentes sobre a deflorestação da Amazónia brasileira que alegadamente contestariam os dados do INPE.

Ricardo Salles frisou que as imagens e dados divulgados pelo INPE continham erros de medição e incluíram áreas devastadas há meses ou áreas que foram contadas duas vezes, mas não esclareceu qual seria a verdadeira taxa de desflorestação da floresta amazónica no país.

As informações classificadas pelo Governo brasileiro como falsas indicam que nos seis primeiros meses do ano houve um crescimento de 212 por cento nas áreas desflorestadas da Amazónia, face ao mesmo período de 2018.

Só em junho, a desflorestação teria crescido 88 por cento de acordo com o INPE, na mesma base de comparação.

A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo, possuindo a maior biodiversidade registada numa área do planeta. Tem cerca de cinco milhões e meio de quilómetros quadrados e inclui territórios pertencentes ao Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (território pertencente à França).

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