O Reino Unido colocou uma bomba com efeito retardador nas relações entre a União Europeia e a Rússia, ao pedir aos seus membros solidariedade pelo “caso Skripal”, considerou hoje a porta–voz do ministério dos Negócios Estrangeiros russo.
“Theresa May foi à cimeira da UE pedir solidariedade… mas todos esqueceram que o reino Unido vai deixar a União Europeia, porque votou o ‘brexit’. Quer dizer, o Reino Unido exigiu solidariedade aos países que ficam na UE…, mas coloca uma mina nas ações a longo prazo de todos os países que comecem a adotar políticas antirrussas”, assinalou Maria Zakharova.
Em declarações à cadeia televisiva Rossia-1, Zakharova disse que, após ser conhecido o amplo número de diplomatas russos que vão ser expulsos de países ocidentais, “não existe a menor dúvida que na provocação que se organizou no território do Reino Unido [tentativa de assassinato do ex-espião Serguei Skripal e filha] estão forças poderosas que se encontram nos Estados Unidos e no Reino Unido”.
“Atendendo ao que estamos a observar hoje, haverá resposta. Para cada país haverá a resposta correspondente”, atendendo ao número de diplomatas russos expulsos e outras medidas, acrescentou Zakharova.
A porta-voz voltou a reafirmar que Londres ainda não apresentou qualquer prova sobre este caso, incluindo aos restantes países da UE no decurso da cimeira de quinta-feira em Bruxelas, numa referência à tentativa de envenenamento com um gás neurotóxico de Skripal e de sua filha, que ocorreu em 4 de março em Salisbury (sudoeste de Inglaterra), e que Moscovo desmente.
“Apenas houve exigências políticas, ‘slogans’ e apelos à solidariedade com a sua posição”, frisou.
Para além do apoio político, os países da UE não têm a menor ideia sobre o que ocorreu em território britânico”, disse.
Zakharova também lamentou que os países ocidentais tenham anunciado hoje estas medidas pelo “caso Skripal” em vez de transmitir à Rússia as suas condolências pelo terrível incêndio que arrasou um centro comercial na cidade siberiana de Kemerovo, com um balanço de 64 mortos e dezenas de feridos e desaparecidos.
Os países da União Europeia (UE) que já anunciaram a sua decisão e quantos elementos do corpo diplomático russo vão expulsar são a Alemanha (quatro), a França (quatro), a Polónia (quatro), a República Checa e a Lituânia (três cada), a Itália, a Dinamarca, a Holanda e a Espanha (dois cada um), a Estónia, a Letónia e a Finlândia (um cada). Também a Roménia, a Suécia e a Croácia tomarão medidas semelhantes, indicaram fontes diplomáticas.
Entre os países que não são Estados-membros da União, a Noruega e a Macedónia (Fyrom) anunciaram cada um a expulsão de um diplomata, e a Albânia, de dois.
Do outro lado do Atlântico, os Estados Unidos anunciaram a expulsão de 60 “espiões” russos, enquanto o Canadá também anunciou 13 expulsões. A Ucrânia anunciou igualmente a decisão de expulsar 13 diplomatas russos.
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