A associação Abraço apela à realização hoje, Dia Mundial da Luta Contra a Sida, do teste VIH/sida, uma doença que, em três décadas, atingiu quase 58 mil pessoas e matou mais de 14.500 em Portugal.
“Conheça o seu estado” é o lema deste ano do Dia Mundial Contra a Sida, que vai ser assinalado hoje em Portugal com várias iniciativas, como o Baile Vermelho, no Palácio Freixo, no Porto, e a Gala Noite dos Travestis, no Teatro São Luiz, em Lisboa, promovidas pela Abraço.
A Unidade Móvel do Centro do Aconselhamento e Deteção Precoce do VIH/sida do Porto promove, entre as 14:00 e as 21:00, na Avenida dos Aliados, um rastreio para deteção do VIH, de forma anónima e gratuita.
Em declarações à agência Lusa, a vice-presidente da Abraço, Cristina Sousa, salientou a importância de as pessoas conhecerem o seu estado serológico e apelou à realização do teste VIH/sida.
“As pessoas que tenham um comportamento de risco, nomeadamente não usar preservativo nas relações sexuais, têm de fazer o teste. É mais importante saber do que não saber, porque estamos a atrasar o problema”, disse Cristina Sousa.
A sida é, atualmente, uma doença crónica, e se a pessoa tiver conhecimento que está infetada “passa a tomar um comprimido todos os dias”, que “não terá grandes efeitos na sua vida, enquanto o não saber acabará inevitavelmente por trazer muitos problemas a nível clínico para a sua situação”, advertiu a vice-presidente da Abraço.
Mais de mil novos casos de infeção por VIH surgiram em Portugal no ano passado, sendo o grupo etário entre os 25 e os 29 anos o que teve taxa mais elevada de novos diagnósticos.
Segundo o relatório “Infeção VIH e sida” relativo a 2017, do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, em 2017, houve 1.068 novos diagnósticos de VIH, o que corresponde a uma taxa de 10,4 novos casos por 100 mil habitantes.
Entre os fatores que contribuem para os números de transmissões continuarem expressivos, a Abraço destaca as infeções por VIH não detetadas, as infeções agudas com altas cargas víricas e a presença de outras infeções sexualmente transmissíveis (IST) que podem aumentar o risco de transmissão da doença.
“Hoje em dia viver com o VIH é muito diferente do que foi no passado pois, quando diagnosticado precocemente, os tratamentos são eficazes, os efeitos secundários mais leves e a esperança média de vida é equivalente à da população em geral”, salienta a associação, a propósito do Dia Mundial da Luta Contra a Sida, que comemora 30 anos.
Cristina Sousa lamentou que, mais de 30 anos depois do aparecimento da doença, ainda se continue a assistir a casos de discriminação.
“O heterossexual continua a considerar que é uma infeção de grupos específicos, que é algo que não lhe acontece a ele” e continua a não se proteger, referiu.
“Estamos a falar de pessoas que, se calhar, desconhecem o seu estado serológico há cinco, 10 anos, e que continuam a infetar-se, a não se proteger, e ao fazê-lo também continuam a discriminar (…) é como se houvesse uma capa protetora dos heterossexuais em detrimento dos homossexuais, dos consumidores de droga ou das trabalhadoras do sexo. Como se acreditassem que só essas pessoas podem contrair o vírus”, sublinhou.
No ano passado registaram-se 261 mortes em pessoas com VIH, 134 delas em estádio sida, a fase mais avançada da infeção. A idade mediana à data da morte foi de 52 anos.
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