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Dezenas de milhares de crianças forçadas a participar em conflitos em África

Dezenas de milhares de crianças estão a ser forçadas a participar em conflitos armados em África, afirmou hoje a organização não-governamental (ONG) Child Soldiers International, no Dia Internacional contra a Utilização de Crianças-Soldado.

“Os contínuos conflitos na Somália, Sudão do Sul, República Democrática do Congo (RDCongo), República Centro-Africana (RCA) e noutros países, fazem com que crianças fiquem mais expostas ao recrutamento”, lê-se num comunicado hoje divulgado pela ONG, com sede em Londres.

“Meninos e meninas são utilizados habitualmente como combatentes e em postos de controlo, como informadores, saqueadores de aldeias e como escravos domésticos e sexuais”, acrescentou a organização, que combate o uso de menores em conflitos.

De acordo com o último relatório das Nações Unidas sobre crianças e conflitos armados, com números de 2017, o uso de crianças-soldado foi verificado na RCA, RDCongo, Mali, Somália, Sudão, Sudão do Sul e Nigéria.

O continente africano viu, em 2017, crescer o número de crianças recrutadas pelo Al-Shabab (2.127) na Somália, e pelo menos 203 crianças a serem usadas em ataques suicidas pelo grupo ‘jihadista’ Boko Haram, nos Camarões e na Nigéria, de acordo com o relatório citado pela ONG.

No Sudão do Sul, pelo menos 1.221 crianças foram recrutadas, elevando para 19.000 o número de menores envolvidos no conflito que afeta o país desde final de 2013.

Na RCA, desde o início do conflito, há seis anos, foi registado o recrutamento de 14.000 crianças, ao passo que na RDCongo, foi relatado o recrutamento de 3.000 jovens.

Em termos globais, a ONU verificou também um aumento do número de crianças recrutadas, que em 2017 atingiu os 8.185 menores em 15 países, um aumento de 159 por cento face aos 3.159 menores de 12 países estimados em 2012.

A ONG calcula que, de acordo com os relatórios publicados entre 2013 e 2018, o número de recrutamentos alcance os 29.128 casos, espalhados por 17 países, embora metade destes sejam fora do continente africano, nomeadamente Síria, Iraque, Myanmar (antiga Birmânia) e Colômbia.

“Estas estatísticas, por si só, são chocantes e, provavelmente representam apenas uma parte da exploração infantil por membros armados no mundo”, afirmou a diretora da Child Soldiers International, Isabelle Guitard.

“É fundamental que o mundo não faça vista grossa a este abuso contínuo e que os recursos locais e internacionais se amplifiquem e combinem para o enfrentar de forma mais eficaz”, apelou Guitard.

Estima-se que mais de 240 milhões de menores vivam, atualmente, em zonas de conflito, muitos dos quais deslocados, em situações de violência, fome ou exploração por parte de grupos armados.

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