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Desflorestação da Amazónia aumentou 96% em setembro face ao mesmo mês de 2018

A desflorestação na Amazónia cresceu cerca de 96 por cento em setembro face ao mesmo mês de 2018, segundo dados do sistema Deter, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) brasileiro, que emite alertas sobre o abate de árvores.

Os dados mostram que, nos primeiros nove meses deste ano, a área com alertas de desflorestação foi de 7.853,91 quilómetros quadrados, quase o dobro em comparação com o período homólogo de 2018, segundo o portal de notícias G1.

Só no mês de setembro foram desflorestados 1.447 quilómetros quadrados daquela floresta tropical.

Comparando o balanço parcial de 2019 com todo o ano de 2018, verifica-se um aumento de 58,7 por cento no corrente ano.

Os dados do instituto mostram que o total da área geográfica que obteve alertas de desflorestação entre janeiro e dezembro do ano passado foi de 4.947,40 quilómetros quadrados.

De acordo com o G1, que cita o INPE, o ano de 2019 regista já o maior número de alertas de desflorestação na Amazónia desde 2016.

Contudo, o sistema Deter, criado em 2004 e reformulado em 2015, não representa uma estatística oficial da desflorestação, mas produz alertas de abate de árvores nas regiões da Amazónia e cerrado, dois biomas (conjunto de ecossistemas) brasileiros, de forma a alertar as equipas de proteção ambiental.

O Deter pode assim ser usado para apontar uma tendência geral de aumento ou redução da desflorestação.

O ex-diretor do INPE Ricardo Galvão, exonerado em agosto pelo Presidente do país, Jair Bolsonaro, alertou no mês passado para o aumento da desflorestação criminosa na Amazónia, frisando eventuais danos irreversíveis na região.

Numa audiência pública no Senado, Ricardo Galvão alertou para a necessidade de o Brasil impedir, primeiramente, a desflorestação na região antes de combater os incêndios.

Professor e cientista, Galvão acredita que o corte das árvores mais baixas da floresta começa no final da estação chuvosa, abrindo assim terreno para as queimadas da estação seca.

“O INPE já alertou o Governo há dois meses de que este ano o pico de queimadas, que geralmente é em setembro, ocorreria antes. Eles [grileiros] tomam terras, tiram madeira para fazer o que nós chamamos de corte raso. Porque uma das principais razões [da desflorestação] é a ‘grilagem'”, disse Ricardo Galvão, citado pela agência do Senado brasileiro.

A ‘grilagem’ é, no Brasil, a falsificação de documentos para ilegalmente tomar posse de terras devolutas ou de terceiros.

“Cerca de 25 por cento a 30 por cento da desflorestação na Amazónia tem áreas não destinadas [sem dono conhecido]. Então entram, desflorestam, vendem a madeira e vendem a terra para outros”, acrescentou o ex-diretor do INPE.

Ricardo Galvão foi exonerado do seu cargo no instituto no início de agosto, após ter criticado Jair Bolsonaro, que acusou o organismo, responsável por monitorizar a desflorestação, de divulgar dados falsos e de agir “de má-fé” para prejudicar o seu Governo.

“A previsão de estudos de cientistas de grande nível, de ambientalistas, é de que se nós desflorestarmos de 25 por cento a 40 por cento da Amazónia total, não só da brasileira, a tendência para que a área se torne uma savana é irreversível. A área reflorestada na Amazónia não passa de 15 por cento, o resto é pastagem”, reforçou Galvão no Senado em setembro.

A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo, possuindo a maior biodiversidade registada numa área do planeta. Tem cerca de cinco milhões e meio de quilómetros quadrados e inclui territórios pertencentes ao Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (território pertencente à França).

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