O desemprego vai voltar a aumentar, antecipam os analistas de dois bancos. Em causa está o fim da sazonalidade e, noutro plano, as mudanças na educação, com a não colocação de professores e a chegada ao mercado de trabalho de antigos alunos.
Quando o Instituto Nacional de Estatística (INE) anunciar esta tarde a taxa de desemprego, será acima dos 16,4 por cento com que foi encerrado o segundo trimestre. As previsões são de analistas do Montepio e do BPI, que sustentam a convição em dois fatores: o fim da sazonalidade e as mudanças na educação, que levam quem termina o ensino e os professores que não conseguem colocação a aumentar o ‘exército’ de desempregados.
“As nossas estimativas apontam para um aumento da taxa de desemprego de 16,4 por cento para 16,7 por cento”, antecipa Rui Bernardes Serra, economista chefe do Montepio. A confirmar-se a subida, termina o ciclo de descida da taxa de desemprego, que nos últimos dois trimestres baixou para os 17,7 e para os 16,4 por cento.
Paula Gonçalves Carvalho, do departamento de Estudos Económicos e Financeiros do BPI, tem uma previsão pior: 16,9 por cento: “depois de um período muito marcado por fatores de ordem sazonal, alguns indicadores apontam para a possibilidade de aumento da taxa de desemprego no terceiro trimestre”.
Entre esses fatores está “o fluxo de novos desempregados inscritos nos Centros de Emprego”, que “aumentou significativamente face ao período homólogo”, e as mudanças no ensino: “o relatório do mercado de trabalho no terceiro trimestre é tipicamente influenciado pela colocação de professores e pela entrada no mercado de trabalho de estudantes que terminam o trajeto escolar”.
“A população ativa deverá continuar a encolher, quer por motivos de avaliação negativa das condições no mercado de trabalho (desencorajados), quer por fatores associados à emigração”, complemento a analista: “tudo conjugado, antecipamos um aumento da taxa de desemprego face ao segundo trimestre, para 16,9 por cento”.
As previsões de Montepio e BPI estão na linha das perspetivas do Governo, que no Orçamento de Estado para 2014 prevê que o ano em curso termine com uma taxa de desemprego de 17,4 por cento, a qual deverá subir até aos 17,7 por cento no próximo ano.