Economia

Desemprego em Portugal põe Wall Street Journal e governante em discussão

guerra no twitter

Um dos mais prestigiados jornais de economia fez uma referência ao desemprego em Portugal e Bruno Maçães não gostou. O secretário de Estado foi para o Twitter exigir que o Wall Street Journal corrigisse os números, envolvendo-se numa discussão pública com os jornalistas norte-americanos.

O desemprego em Portugal esteve na origem entre uma discussão, pública, entre um governante nacional e os jornalistas do The Wall Street Journal (WSJ).

Tudo começou quando o diário, um dos mais prestigiados jornais económicos do mundo, revelou que o desemprego, quando a troika deixou o país, era mais alto do que antes do início do Programa de Assistência Económica e Financeira.

“Apesar da taxa de desemprego ter caído para 14 por cento, depois de um pico de 17 por cento, ainda está três pontos acima do período anterior ao resgate”, relatou a correspondente em Portugal, Patrícia Kowsman, lembrando ainda que ‘faltam’ os 200 mil portugueses que emigraram desde a chegada da troika, em 2011.

Os números, desfavoráveis ao Governo, levaram o secretário de Estado dos Assuntos Europeus a reagir.

Através do Twitter, Bruno Maçães criticou os jornalistas Patrícia Kowsman (em Viana do Castelo) e Gabriele Steinhauser (Bruxelas), exigindo uma retificação dos dados, antes de se dirigir ao editor-chefe do WSJ em Bruxelas (superior hierárquico dos dois correspondentes), Stephen Fidler.

“O desemprego está ao nível do pré-resgate. Vejo que ainda não corrigiu o artigo”, escreveu o governante português.

Só que Fidler respondeu com uma citação retirada do artigo, da autoria do autarca de Viana, José Maria Costa: “O mais duro é ver a juventude a partir, deixando para trás um país mais triste e mais velho”.

No entretanto, Steihauser ia ‘picando’ Maçães: “O momento a que quer voltar é aquele em que a economia estava tão má que precisou de um resgate?”

“Gabrielle, o que temos estado a discutir é a eurocrise em economias de resgate”, contrapôs o secretário de Estado: “Alguma disciplina, por favor”.

Mas Gabriele Steinhauser optou pela saúde para uma metáfora sobre o desemprego: “É como dizer que no momento em que se sai do hospital se sente como quando chegou às urgências. O ponto de partida deveria ser, em primeiro lugar, como se sentia antes de estar doente”.

Bruno Maçães voltou à disciplina para apresentar os dados do Governo: as taxas de desemprego de 13,2 por cento em setembro de 2011 (quatro meses após o início do resgate) e 12,8 por cento em abril deste ano.

“Caso encerrado”, declarou o governante.

A resposta, desta vez, foi de Stephen Findler, que citou as taxas de desemprego para o mesmo período: as do Eurostat, não as do Governo. Passaram dos 12,3 por cento em maio de 2011 para os 13 por cento em maio de 2015.

“Caso encerrado”, ironizou o editor do WSJ.

Mas o jornal acabou por fazer a vontade ao secretário de Estado, publicando ontem uma adenda ao artigo, esclarecendo que a base de comparação foi 2009, dois anos antes do início do resgate de Portugal.

“A taxa de desemprego de 13,5 por cento de Portugal para o primeiro trimestre do ano é cerca de três pontos percentuais mais alta do que a média de 10,7 por cento em 2009, antes da crise da dívida do país começar, de acordo com o Eurostat. A versão anterior dizia incorretamente que era três pontos mais alta do que antes do resgate e não especificava o arredondamento dos números e a fonte dos dados”, referia a adenda.

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