“O grande desafio com que está confrontada a economia portuguesa” é o desemprego, afirmou o governador do Banco de Portugal (BdP), durante o 5.º Congresso dos Economistas, a decorrer em Lisboa. Embora o regulador aponte para a melhoria da atividade económica, Carlos Costa salienta para a necessidade de enfrentar o “grande desafio”: “a retoma económica só absorverá o desemprego cíclico, mas não absorverá o desemprego estrutural”.
“Só há desenvolvimento sustentável se o Portugal conseguir garantir o equilíbrio das Finanças Públicas, o equilíbrio externo, o crescimento ‘per capita’ e a criação de emprego porque sem criação de emprego não há crescimento sustentável”, reforçou o economista. É que, por mais que o crescimento seja “sustentável”, a baixa na procura tem “uma natureza duradoura” e, em alguns setores, nunca atingirá “o nível de procura do passado”.
As afirmações do governador surgem no dia em que BdP defende, através do boletim económico de outono, uma descida “gradual mas duradoura” da carga fiscal sobre as famílias e as empresas. “Temos de ter consciência que estamos a fazer um programa de ajustamento com ventos contrários”, salientou Carlos Costa, citando que ajustamentos de 1974 e 1982/83 não houve estes “ventos adversos”.
“A estratégia de consolidação orçamental deverá prosseguir tendo cada vez mais em conta a necessidade de garantir um crescimento económico sustentável no médio prazo”, refere o boletim do BdP, apontando para a necessidade de “medidas de racionalização da despesa pública que permitam uma redução gradual, mas duradoura, da carga fiscal sobre famílias e empresas e que estimulem um crescimento sustentável e equilibrado da procura interna, com destaque para o investimento empresarial”.
Caso esses “ventos” tivessem soprado conforme as previsões da altura em que foi negociado o resgate de Portugal, “teríamos hoje menos 4,4 pontos percentuais de dívida pública, teríamos mais emprego e teríamos tido mais crescimento do Produto Interno Bruto”, defendeu o governador do BdP.
No boletim, o regulador da banca insiste que “um funcionamento mais eficiente dos mercados e uma redução da carga fiscal constituem incentivos à inovação e à incorporação de progresso técnico por parte das empresas, assim como ao investimento em educação e capital humano por parte das famílias, os quais são as componentes essenciais para promover um crescimento sustentado da economia portuguesa”.
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