A deputada angolana Eulália Rocha condenou hoje a atitude de algumas instituições do país por “supostamente exigirem testes de VIH/Sida para contratar”, considerando ser uma “atitude inaceitável” e que deve ser denunciada.
“Porque se a lei não prevê e essa pessoa ao ir pedir o emprego lhe for exigido o teste de VIH/Sida ela tem de denunciar esses aspetos porque temos de trabalhar com a lei, a denúncia é importante, porque estamos diante de uma ação condenável”, disse hoje a deputada do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder), em declarações à Lusa.
A Lusa noticiou em 26 de junho passado que a ativista angolana Carolina Pinto, seropositiva, denunciou que instituições em Angola “continuam a exigir testes” de VIH/Sida para contratar, “inclusive a empregadas domésticas”, afirmando que “persiste no país uma discriminação a vários níveis”.
“A discriminação persiste sim e a vários níveis, nas instituições, seja pelo empregador, seja pelos colegas, e prova disso é que ainda continuamos a pedir testes de VIH/Sida para ingressar no emprego e até a empregadas domésticas estão a pedir os testes”, afirmou a ativista, em declarações aos jornalistas, à margem de um encontro que abordou a doença.
“Não acredito que após o resultado positivo ela possa ser empregada, então está claro que a discriminação existe e a vários níveis e precisamos de fazer alguma coisa para combater”, adiantou, alertando que a discriminação pode contribuir para o aumento do número de pessoas infetadas.
Hoje, a deputada do MPLA, partido no poder em Angola e membro da Comissão dos Direitos Humanos, Reclamações e Petições dos Cidadãos do parlamento angolano, afirmou que discriminação dessa natureza “é inaceitável”.
“E nem quem tenha a doença não pode ser afastada do seu local de trabalho, não podemos ter essas formas de ver as coisas por se tratar de uma discriminação inaceitável, porque quem tem VIH/Sida pode sim trabalhar”, defendeu.
Questionada sobre se as referidas queixas chegam ao domínio da Comissão que integra, a deputada Eulália Rocha deu conta que “questões laborais e expropriação de terras” lideram as queixas a nível da comissão que “nunca recebeu queixas em relação ao VIH”.
O Instituto Nacional de Luta contra Sida (INLS) angolano anunciou, em maio, que pelo menos 13.000 pessoas morrem anualmente em Angola vítima da doença e que das 310.000 pessoas que vivem no país com VIH/Sida, cerca de 27.000 são crianças, 190.000 mulheres e 21.000 grávidas.
A taxa de prevalência do país segundo as autoridades é de 2,0 por cento.
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