Os bancos perderam, em setembro, 305 milhões de euros em depósitos. Pelo segundo mês consecutivo e após nova descida nos juros, os portugueses levantaram mais dinheiro do que pouparam. Ao invés, as empresas reforçaram os depósitos bancários.
Em apenas dois meses, os portugueses levantaram mais de 1200 milhões de euros que estavam depositados na banca. Em setembro, após uma nova descida nas taxas de juro, o valor do dinheiro levantado dos depósitos atingiu os 305 milhões de euros, depois dos 969 milhões resgatados em agosto.
É a primeira vez, desde outubro de 2012, que passam dois meses em que os depósitos de particulares perdem dinheiro, caindo para um total de 131.768 milhoes de euros. Só por um mês, janeiro, é que o valor depositado não cresceu, de acordo com os dados hoje publicados pelo Banco de Portugal.
A queda é em parte explicada pela “concorrência” do Estado, queixam-se os bancos. Com a melhoria da remuneração em setembro, os Certificados de Aforro assistiram a um reforço das subscrições (atingiram os 157 milhões de euros) e a uma diminuição dos resgates (58 milhões), dando um saldo mensal de 99 milhões de euros. Em outubro, o Estado lançou ainda os Certificados do Tesouro Poupança Mais, um produto que os bancos alegam ser “concorrente” dos depósitos.
As movimentações financeiras dos portugueses ocorreram num mês em que as taxas de juro voltaram a cair. Os depósitos a um ano rendiam, em setembro, 1,95 por cento, menos de metade dos 4,5 por cento que registaram em outubro de 2011.
Ao invés, os depósitos das empresas foram reforçados em 304 milhões de euros, aumentando o montante à guarda da banca para os 28.389 milhões.
Com a diminuição dos depósitos de particulares, o dinheiro foge da economia e, em resposta, os bancos concedem menos empréstimos: setembro não foi exceção e ocorreu uma quebra.
O crédito malparado também sofreu um abrandamento, segundo os dados do Banco de Portugal, mas viu reforçado o peso dentro da dívida total para 11,7 por cento. Os 100.670 milhões de euros em empréstimos de cobrança duvidosa representam o valor mais alto desde que, em 1997, o Banco de Portugal começou a divulgar mensalmente os dados.