O jornalista Daniel Oliveira critica o modo como “obsessivo” como os atentados de Paris e outros momentos marcantes são explorados pela comunicação social. No Eixo do Mal, considerou que as pessoas ficam “fartas” e “deixam de sentir”. “Até o horror cansa”, enfatizou.
“No Facebook, põem todos a bandeira francesa durante três dias e ao fim de três dias ficam fartas. E é natural. Ficam fartas. Até o horror cansa”, afirmou Daniel Oliveira.
“Nós estamos há mais de 24 horas ininterruptamente a ver as mesmas imagens”, criticou Daniel Oliveira.
Para o jornalista, esta cobertura mediática dos atentados de Paris é “uma banalização do horror”, que “faz com que as coisas percam sentido” e porque as pessoas “deixam de sentir as coisas”.
“Há uma coisa que me perturba nestes momentos marcantes, que é o efeito do tratamento mediático. Nós estamos há mais de 24 horas ininterruptamente a ver as mesmas imagens. Estamos a ‘encher chouriço’, devo dizer, com informação redundante”, disse, na SIC Notícias, no programa Eixo do Mal.
Para Daniel Oliveira, “a maneira como tratamos com os traumas é mazoquista e obsessiva”. “Repetimos as coisas até deixarmos de as sentir”, salientou.
“Há um momento em que as pessoas olham para aquelas imagens e deixam de as sentir. E isso é um problema”, disse, aludindo ao vídeo feito por um jornalista, que mostra algumas vítimas do atentado no Bataclan a tentar fugir do espaço, ao som de tiros.
“Em Democracia, as opiniões públicas são elemento fundamental, a parte emocional conta”, destacou, considerando que a partir do momento em que as pessoas deixarem de sentir o problema agrava-se.
“No Facebook, põem todos a bandeira francesa durante três dias e ao fim de três dias ficam fartas. E é natural. Ficam fartas. Até o horror cansa”, afirmou Daniel Oliveira.
Refira-se que o programa Eixo do Mal foi adiado, precisamente por questões editoriais que se prendem com a cobertura mediática dada aos atentados de Paris e ao Estado Islâmico.
Clara Ferreira Alves, por seu turno, criticou a entrevista feita pelo Expresso a um jiadista.
“É muito perigoso os jornais começarem a entrevistar jiadistas. Isso é dar-lhes uma entidade, é pactuar com a propaganda do Estado Islâmico. A glorificação de guerrilheiros tem um efeito multiplicador assassino”, considerou a jornalista.