Os políticos tudo fazem para que acreditemos nas suas boas intenções, especialmente perto de eleições. O que é que eu pretendo ao intervir das mais variadas formas: escrita, debates, rádio, televisão? Informar, denunciar, alertar, comunicar, noticiar, participar, revelar, demonstrar, mostrar e por vezes acusar quando tenho provas evidentes.
Mas por vezes sinto-me cansado de estar a pregar no deserto. Nada se modifica e ninguém faz o menor caso. Porém não posso ser pretensioso ao ponto do que faço consiga mudar o curso dos acontecimentos. No fundo, sinto que não tenho nenhum papel (apesar de me dizerem que tenho). Daí, achar que caio no ridículo por não me calar e conter, não tendo a mínima influência em nada.
Critico muitas vezes o governo e recentemente presidentes de Câmara (Gaia e outros) e nada muda. Deste modo tenho que dar razão a quem acha que não vale a pena insistir e que não passo de um sonhador, que caio no ridículo e acusado de querer protagonismo.
Digam o que disserem os cidadãos ora escrevendo ora por queixas ora por reclamações nada se modifica ou altera. Na cabeça dos governantes nacionais ou locais, está a sua vitória nas eleições e têm quatro anos para fazerem o que lhes apetece. Não importa, nem conta, não cumprir promessas eleitorais, rasgar compromissos assumidos, enganar e trair os cidadãos e causar danos irreparáveis nos cidadãos e no futuro.
Todavia pensando bem, não consigo conter-me e deixar de denunciar abusos de poder, injustiças, denunciar gente sem escrúpulos e canalhadas constantes neste país. É importante tratar de abrir os olhos a quem os têm fechado, procurar que as pessoas reparem no que se passa à sua volta e quem detém o poder, argumentar contra as arbitrariedades, denunciar práticas ditatoriais exercidas em democracia, protestar contra decisões tomadas, abuso dos direitos e liberdades e advertir as formas menos lícitas de actuar e governar.
Seria mais cómodo, nada fazer e dizer, mas ser “livre” é uma opção política. Se falamos caímos no ridículo e julgam-nos por segundas intenções. Se nos calarmos e nada fazemos, portámo-nos como cobardes e mansos.
Acredito que a influência é mínima ou zero, mas estou certo que se não nos incomodarmos um pouco e estivermos atentos ao que se passa seria ainda pior.
Os políticos e quem governa querem aplausos, vénias e reverência. A única prova que tenho que não é uma absoluta inutilidade intervir, apesar de aparentemente não fazerem caso e encolherem os ombros, perante as denúncias e gritos revoltosos. Tenho a certeza que gostariam que desaparecêssemos mas ao não conseguirem fazê-lo não nos querem como inimigos declarados.
Devemos e temos que ter a ousadia e a determinação de incomodar, chamando à atenção, fazer pensar quem nos lê, escuta e vê, ter uma visão diferente do poder instalado. É importante assinalar os abusos, imbecilidades, cinismo, desfaçatez, as suas razões grotescas, por fim, exigir que nos prestem contas e que expliquem as suas decisões.
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