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Crianças são usadas como soldados na guerra da Síria, denuncia a HRW

siria guerraHá crianças e adolescentes a serem recrutados pelas forças rebeldes na guerra da Síria. A denúncia é da Human Rights Watch. Os países que apoiam os grupos extremistas, que há três anos combatem o regime de Assad, podem ser acusados de “crimes de guerra”.

Várias das forças rebeldes e milícias armadas que combatem o regime de Assad, na guerra civil da Síria, estão a recrutar adolescentes e crianças como soldados.

A denúncia consta no mais recente relatório da organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch.

As forças rebeldes são acusadas de “utilizar jovens a partir dos 15 anos nos combates, por vezes com o pretexto de lhes oferecerem uma educação”, em operações de combate.

“Os grupos extremistas, como o Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS) recrutaram jovens misturando estudos e treino no manuseamento de armas e dando-lhes tarefas perigosas, incluindo missões-suicidas”, refere o documento.

O relatório foi baseado nos testemunhos de pelo menos 25 crianças, que ainda estão ou participaram em atividades de guerra na Síria, um país mergulhado numa guerra civil há mais de três anos.

Além do ISIS, o Exército Livre da Síria e a Frente Islâmica al-Nusra (o braço sírio da Al-Qaeda) também são acusados de recorrer a soldados menores de idade, tal como várias forças curdas.

“Os horrores do conflito armado na Síria tornam-se ainda piores quando se enviam crianças para a linha da frente”, escreveu Priyanka Motaparthy, a autora do relatório.

“Os grupos armados não devem recrutar crianças vulneráveis que viram os seus pais serem mortos, as escolas bombardeadas e o seu ambiente destruído”, complementou a investigadora, especialista em direito das crianças.

A denúncia da HRW não aponta o dedo ao regime de Assad, mas justifica que não investigou as forças pró-governamentais por razões de segurança e de logística.

O relatório não refere qual o número de crianças-soldado, mas ainda este mês o Centro de Documentação de Violações, uma organização síria de defesa dos direitos humanos, salientou ter conhecimento de “194 crianças ‘não-civis’ mortas na Síria desde setembro de 2011”.

E o que faz uma criança tornada soldado? De acordo com os testemunhos apurados pela HRW, especializam-se como atiradores furtivos, guardam postos de controlo, espiam, cuidam de ferios e transportam mantimentos e munições para as frentes de batalha.

As meninas, segundo o relatório, são utilizadas pelo Partido Curdo de União Democrática para vigiarem postos de controlo e patrulharem as zonas controladas pelos próprios guerrilheiros.

O ‘recrutamento’ fica mais fácil quando os pais também estão a combater e quando os bairros onde os menores viviam ou as escolas que frequentavam foram destruídos.

Muitos juntaram-se às forças rebeldes após o início da contestação contra o regime de Assad, ainda em março de 2011.

A HRW lembra ainda que os países que financiam grupos rebeldes podem ser incriminados de “crimes de guerra”, uma vez que estão a suportar financeiramente o recrutamento de crianças-soldado.

“Todos os grupos devem comprometer-se publicamente a proibir o recrutamento de crianças e os governos que ajudam estes grupos devem insistir junto deles e verificar que tal não acontece. Seja quem for que ajude financeiramente estes grupos que enviam crianças para a guerra pode ser considerado cúmplice de crimes de guerra”, conclui o relatório.

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