Represas agrícolas, de quintas coloniais, estão a ser transformadas em centro de pesca para centenas de miúdos, alguns órfãos e outros abandonados, procurando mitigar a pobreza galopante que se acentuou após a devastação do ciclone Idai.
Das pequenas lagoas, nos subúrbios de Chimoio, a capital de Manica, centro de Moçambique, saem minúsculos peixes para alimentar numerosas famílias, que tentam reerguer-se após o ciclone que destruiu casas e hortas, além de ter levado à falência os pequenos negócios, por os produtos terem ficado entre os escombros de barracas e casas desabadas.
“As vezes consigo levar carril [peixe] para almoço e jantar” diz à Lusa Lucas Anastácia, sete anos, irmão mais velho de outros quatro que dependem dos seus biscates e da mãe, para sobreviver.
Com os olhos fixos na boia do anzol e cana improvisados com esferovite, arrame de vedação de capoeiras e caniço, tirado nas margens do lameiro, Lucas Anastácia, reconhece o risco de pescar numa lagoa infestada por serpentes, mas as necessidades da casa falam mais alto.
“Com o aumento das águas na lagoa, o peixe ficou mais fácil de apanhar”, disse à Lusa Zaqueu Fernando, um outro pescador, que por instinto sabe a direção para capturar alguns peixes médios, muito raros entre os miúdos.
Com as calças – que recebeu de doação num centro de abrigo no Trangapasso – dobradas pelo joelho, Pedrito Frank, recolhe minhocas para usar como isca, para mais uma jornada que deve valer a refeição da noite, na lagoa de Cau, um antigo pomar de toranjas e laranjas da extinta Grémio.
“Primeiro vínhamos pescar de brincadeira entre amigos” disse à Lusa Pedrito Frank, num sorriso confiante, a coisa que o ciclone não conseguiu levar dele e garante que “agora (a pesca) é de verdade, para tirar peixe para comer em casa”.
Dezena de miúdos frequentam os “damos”, nome dado às lagoas de Cau, Mudzingaze, 1.º de Maio e 7 de Abril, antigas represas nos arredores de Chimoio que forneciam água para irrigação das quintas agrícolas coloniais, para a produção de frutas e sisal, para alimentar a produção têxtil e de sumo.
“Meu pai nos deixou e vejo minha mãe se esforçar muito para nos dar de comer”, pelo que esta “é a minha contribuição” disse à Lusa Stefano Gabriel, 16 anos, o único “adulto” do grupo de dezenas que lançam os anzóis para assegurar mais uma refeição familiar.
Além de casas, o ciclone Idai destruiu várias culturas agrícolas no cinturão verde de Chimoio, de que dependiam para sobrevivência a maioria das populações afetadas.
A organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla inglesa) estima que o ciclone causou a perda de cerca de 750 mil hectares de colheitas na região centro de Moçambique, agravando a insegurança alimentar da área e do país.
Euro Dreams Resultados Portugal: A mais recente chave do EuroDreams é revelada hoje. Conheça os…
Leonardo da Vinci recorda-se a 2 de maio, dia da morte do maior génio da…
O relatório Threat Landscape Report, da S21sec, garante que os atacantes adaptaram as suas técnicas…
Conheça os resultados do sorteio do Euromilhões. Veja os números do Euromilhões de 30 de…
Joana Bento Rodrigues - Ortopedista /Membro da Direção da SPOT A modalidade de Pilates foi…
A propósito do Dia do Trabalhador conheça os maiores erros de ética empresarial Quando os…