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Crescimento do emprego jovem pode explicar redução de candidatos ao superior

O ministro do ensino superior defendeu hoje que a redução de candidatos ao ensino superior “não é uma situação alarmante”, mas apenas reveladora de um novo padrão de estudantes que preferem começar a trabalhar e prosseguir estudos mais tarde.

O número de candidatos ao ensino superior diminuiu 5,6 por cento em relação ao ano passado, sendo menos de 50 mil os estudantes que procuraram uma vaga na primeira fase do concurso nacional que terminou na terça-feira.

Segundo dados da Direção-Geral do Ensino Superior, candidataram-se 49.624 alunos ao ensino superior, o que representa uma diminuição de quase três mil pessoas em relação ao ano anterior, quando foram entregues 52.580 candidaturas.

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior lembra que também houve uma redução de 2.702 alunos que terminaram o secundário e realizaram exames nacionais, menos 3 por cento.

“Não é uma situação alarmante, de forma alguma, até pode ser um bom sinal de dinamismo económico”, disse à Lusa o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, que fala num novo padrão de estudantes do ensino superior, em relação ao qual Portugal “ainda não tem muita experiência”, mas que é comum no país do norte da Europa, e que se traduz num adiar da entrada num curso superior, dando preferência a ganhar experiência profissional antes de o fazer.

Segundo números destacados pelo ministro, entre 2015 e 2017, quando o país começou a dar sinais de retoma económica, com reflexos no mercado de trabalho, o número de jovens com menos de 24 anos que entrava no mercado de trabalho apenas com o ensino secundário concluído cresceu de cerca de 120 mil jovens para mais de 165 mil, o que são, para Manuel Heitor, “números consideráveis”.

“Sabe-se que isto está associado à procura de emprego em setores como o turismo e outros que empregam ainda com baixas qualificações. Isto não tem nenhum problema se considerarmos como em muitas outras zonas europeias de grande dinamismo económico que eles voltam a estudar mais tarde”, disse o ministro.

Da nova “relação complexa” entre a redução alunos candidatos ao ensinos superior à saída do secundário e o crescimento do emprego jovem deve resultar um “compromisso coletivo” entre instituições de ensino superior e empregadores que responda a um novo perfil de estudante e que, por um lado, leve as empresas a facilitar o prosseguimento de estudos superiores por jovens já no mercado de trabalho, e por outro lado, leve as instituições de ensino superior a adaptar a sua oferta a este novo tipo de aluno, oferecendo mais cursos pós-laborais, por exemplo.

“Não é nenhum drama, exige é uma relação nova entre instituições e empregadores”, defendeu o ministro.

Manuel Heitor referiu ainda em relação ao número de candidatos à 1.ª fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior, hoje divulgado, que, sobretudo o ensino politécnico, deve reforçar a aposta na captação de alunos que terminam o ensino secundário por vias profissionalizantes.

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