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CPPC abre nova polémica a propósito dos refugiados (com vídeo)

O Conselho Português de Proteção Civil partilhou hoje um vídeo de promoção da islamofobia. O conteúdo até poderia passar despercebido se não fosse divulgado pela mesma entidade que, usando a foto do menino sírio morto, recomendou que “ensine o seu filho a nadar”.

Já ouviu falar no Conselho Português de Proteção Civil (CPPC)? Sim, foi a entidade que, na semana passada, publicou a recomendação “ensine o seu filho a nadar” com a foto de Aylan Kurdi, o menino sírio de 3 anos que deu à costa, morto, numa praia da Turquia. Hoje, o mesmo CPPC partilhou um vídeo de cariz islamofóbico, novamente tendo por base a crise dos refugiados que assola a Europa.

Para contextualizar, recordemos o artigo de 3 de setembro que ‘deu a conhecer’ esta federação sem fins lucrativos: “Ensine o seu filho a nadar, para não passar o resto da vida a lamentar! Embora a imagem seja de uma criança migrante que infelizmente morreu na travessia, estas imagens devem ter por utilidade a dupla sensibilização para o drama da migração e simultaneamente de acção preventiva dos afogamentos em quaisquer circunstâncias. Esta é a nossa forma de denotar o nosso pesar e intervir preventivamente, desejando-se que esta vida não se tenha perdido em vão e que a divulgação da imagem contribua para que muitas outras vidas sejam poupadas ao sofrimento e morte. Lamentamos profundamente qualquer morte, mas esta imagem causa-nos um profundo pesar que não poderíamos deixar de expressar”.

Como se não fosse suficiente, o mesmo CPPC, horas depois, comparou a alegada falta de apoio aos refugiados com um suposto excesso de zelo por parte de quem defende as causas animais, num outro post polémico.

“Lamentamos sempre a morte de crianças mas pouco fazemos para evitar estas tragédias. Infelizmente mobilizamo-nos mais por outras espécies animais do que pela nossa própria espécie”, dizia o texto que ‘comparava’ a mesma foto do menino sírio com uma imagem onde dezenas de voluntários tentam salvar um grupo de baleias que dera à costa.

Ambos os artigos foram apagados, depois da ‘inundação’ de críticas e comentários, e seria de esperar que o Conselho Português de Proteção Civil tivesse aprendido com as polémicas que obrigaram a Autoridade Nacional da Proteção Civil a vir a terreno garantir não ter qualquer ligação com a CPPC. Contudo…

Hoje, poucas horas após um “Artigo de opinião” também polémico (mas desta vez assinado, por João Paulo Saraiva), no Facebook do CPPC foi partilhado um vídeo que promove a islamofobia, novamente tendo como fundo a crise dos refugiados, em especial os provenientes da Síria.

Curiosamente, o vídeo até tenta negar essa islamofobia: “Tenha em mente que a palavra ‘islamofobia’ é uma falácia. Ter uma fobia significa ter um medo irracional. Recear o Islão, que quer 80 por cento da Humanidade escravizada ou exterminada é totalmente racional”. Um argumento na linha dos utilizados pelo regime nazi que fez mergulhar a Humanidade na II Guerra Mundial.

E como e justifica esse medo “totalmente racional”? Com uma longa lista de nomes de terroristas, unidos apenas pelo facto de serem muçulmanos. Mas, por exemplo, não referem Anders Breivik, o neofascista que para “defender a Cristandade” matou 77 pessoas, num duplo atentado na (pouco islâmica) Noruega.

“Como devemos interpretar isto? Estará a segurança de Portugal e dos portugueses em risco?”, questiona o CPPC, ao partilhar o polémico vídeo.

Sobre o “Artigo de opinião”, que pode ler na íntegra aqui, destaque-se apenas este parágrafo: “Quanto aos migrantes, obviamente que me afeta ver tanta gente em fuga e em busca de uma oportunidade de sobrevivência, são seres humanos e por isso merecedores do meu respeito. Mas a sua cultura e credos são diferentes e entram facilmente em conflito e divergência com essas nossas características”.

https://www.facebook.com/protecaocivil.org/posts/804226843008415

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