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Costa salienta que comunidade islâmica é parte do país e não uma minoria

O primeiro-ministro considerou hoje que a comunidade islâmica de Lisboa deve ser encarada como parte integrante do país e não como minoria, num discurso em que defendeu a ideia de Portugal como exemplo de diversidade e tolerância.

Estas palavras foram proferidas por António Costa na sessão de encerramento das comemorações dos 50 anos da Comunidade Islâmica de Lisboa, na qual também esteve presidente o presidente da autarquia da capital, Fernando Medina.

Na sua intervenção, António Costa, que foi presidente da Câmara de Lisboa entre 2007 e 2015, referiu que a comunidade islâmica na área metropolitana da capital “tem atualmente uma diáspora plural”, depois de ter sido formada por indianos com origem em Moçambique.

“Esta comunidade não é algo exterior a nós, não é o passado, não é o imigrante, não é o estrangeiro, não é uma minoria entre nós. É uma parte de nós, que nos enriquece pela sua diversidade”, declarou o primeiro-ministro.

António Costa sustentou depois que “o Portugal contemporâneo tem sabido conjugar, com equilíbrio e inteligência, a laicidade do Estado com um amplo grau de liberdade religiosa”.

“A visão que temos do Estado laico é a de um Estado independente na sua autodeterminação, mas que não pode e nem ignora os sentimentos religiosos da sua população. A laicidade não é a ignorância em relação às religiões existentes, mas o respeito pela liberdade de todas as religiões”, acentuou o líder do executivo.

Esta cerimónia dos 50 anos da comunidade islâmica de Lisboa durou cerca de três horas.

Pelas 15:30, após ter sido descerrada uma lapide alusiva à visita do primeiro-ministro à Mesquita de Lisboa, a sessão solene foi aberta pelo imã Sheik David Munir, com a recitação de versículos do alcorão, seguindo-se palavras de boas-vindas a cargo do presidente da Comunidade Islâmica de Lisboa, Abdool Vakil.

Perante o embaixador da Arábia Saudita em Lisboa, Hisham Alqahtanie, e do imã da Mesquita de Al-Haram, em Meca, Saleh Himeid, Abdool Vakil falou sobre o contributo da sua comunidade para o diálogo inter-religioso e lembrou as visitas à Mesquita de Lisboa já realizadas por antigos chefes de Estado portugueses como Mário Soares, Jorge Sampaio e pelo atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Saleh Bin Himeid, também presidente do Conselho da Jurisprudência Islâmica, fez depois um discurso contra a exclusão de comunidades e pelo diálogo entre todas as religiões, definindo Portugal como “um país amigo” e “exemplar na integração dos muçulmanos”.

Já o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, acentuou igualmente o ponto relativo à integração social e vincou que as comemorações dos 50 anos da comunidade islâmica “é também uma comemoração da própria cidade”.

“Neste Portugal democrático, Lisboa sempre se bateu por ser uma cidade aberta, tolerante e ecuménica, num Estado laico que contribui para que cada um se expresse da forma como entende. Reafirmo que Lisboa vai continuar neste caminho em defesa de uma sociedade aberta, tolerante e cosmopolita”, salientou Fernando Medina.

No entanto, o presidente da Câmara de Lisboa referiu-se a seguir, “com preocupação”, a recentes fenómenos de xenofobia registados em vários pontos do mundo.

“Vivemos tempos de sentido oposto com manifestações de racismo, intolerância e xenofobia. Será a partir das cidades que se fará a resistência em relação a esses movimentos”, sustentou.

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