Corpo de militar regressa a Portugal 54 anos após morrer em Angola

A filha de um paraquedista português teve de esperar 54 anos para poder enterrar o pai em Portugal. O corpo de António da Conceição Lopes da Silva tinha ficado “abandonado” em Angola, pois o Estado pagava a transladação para Lisboa, mas não o transporte do corpo para a terra natal.

Natural de Lobão da Beira, no concelho de Tondela, o militar que morreu ao serviço da Pátria há 54 anos vai poder finalmente ser enterrado no cemitério da terra onde nasceu.

“Queria trazê-lo para Portugal”, afirmou a filha, Ernestina Silva, criticando o tempo (mais de meio século) em que o corpo do pai ficou “abandonado” em Angola, onde morreu em 1963.

À data, o Estado comprometeu-se a pagar a trasladação do corpo para Lisboa. No entanto, teria de ser a família do militar a suportar o transporte do corpo de Lisboa para Lobão da Beira e o funeral, mas os familiares não tinham meios para isso.

A filha travou “a batalha de uma vida” e chegou finalmente à vitória. O corpo do paraquedista vai ser homenageado na capela da Força Aérea (em Lisboa), numa cerimónia marcada para as 9h30 de amanhã, e seguirá depois para a terra natal, onde será sepultado.

Pelo caminho, o cortejo fúnebre fará uma breve cerimónia na base de Tancos, organizada pela União Portuguesa de Paraquedistas, em colaboração com a Força Aérea Portuguesa e o Regimento de Paraquedistas da Brigada de Reação Rápida.

Ernestina Silva, que vive nos EUA desde os 22 anos (e de onde chegou ontem), não chegou a conhecer o pai. Viveu “sempre à procura” de saber o que tinha acontecido, tendo conseguido através das redes sociais descobrir “como morreu e onde foi enterrado”.

Soube-o graças a Isidro Moreira Esteves, o sargento paraquedista na reserva que se manteve fiel ao lema informal dos paraquedistas: “Ninguém fica para trás”.

O antigo militar estava “a cinco metros” de António da Conceição Lopes da Silva quando este foi alvejado, a 3 de outubro de 1963, em Úcua, no município do Dande, na província do Bengo, durante a Guerra Colonial.

O corpo do paraquedista fora sepultado no talhão militar do cemitério de Santana, situado na estrada do Catete, em Luanda.

Há cerca de um ano, Ernestina Silva conseguiu iniciar o processo de exumação e trasladação do corpo do pai. Os paraquedistas contribuíram com dois terços da verba necessária, pois “ninguém fica para trás”. Nem que demore 54 anos.

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