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“Continuo a gostar de touradas… é parte da nossa civilização”, diz Manuel Alegre em carta ao primeiro-ministro

Militante histórico do PS, Manuel Alegre dirige uma carta aberta ao primeiro-ministro para mostrar o descontentamento com a manutenção do IVA nos 13 por cento para os espetáculos de tauromaquia. O socialista mostra-se preocupado com a influência do deputado do PAN, André Silva, e apela a António Costa para interceder numa tradição “cultural e social” contra o “politicamente correto”.

Nas linhas que dirige ao chefe de Governo, Manuel Alegre mostra-se preocupado com o caminho que o país leva no que toca ao que chama de “tradições”.

“Haverá um dia em que uma galinha será uma drageia, uma tourada será um jogo projetado num braço por ‘nanophone’. O mundo novo está aí. Dizem que será o fim. Eu direi que será o início”, salienta o histórico militante do PS, assumindo o seu gosto pela tauromaquia.

“E mesmo assim continuo a gostar de touradas… é parte integrante da nossa civilização. É, também, um problema que diz respeito ao emprego e à vida de milhares de pessoas. E é, sobretudo, uma questão de liberdade, que sempre foi a essência e a alma do Partido Socialista”, salienta Manuel Alegre.

Publicada nesta quarta-feira pelo jornal Público, na carta, Alegre deixa claro que vive uma “situação paradoxal” e explica.

“Apoio esta solução governativa, o PS está no poder e, no entanto, por vezes sinto a minha liberdade pessoal ameaçada”, salientando que “o diabo se esconde nos detalhes”.

“Está no fundamentalismo do politicamente correto, na tentação de interferir nos gostos e comportamentos das pessoas, no protagonismo de alguns deputados e governantes que ninguém mandatou para reordenarem ou desordenarem a nossa civilização”, escreveu o militante socialista.

Antigo deputado e candidato presidencial, Manuel Alegre aponta ‘o dedo’ a André Silva, deputado eleito pelo PAN.

“O facto é que um deputado, um só, traz milhares de portugueses inquietos. Isto não é normal nem saudável numa democracia pluralista. De modo que é chegada a hora de enfrentar cultural e civicamente o fanatismo do politicamente correto. É uma questão de liberdade.”

Na carta que dirige a António Costa, Alegre sustenta ser necessária “liberdade para não gostar de touradas” mas também “liberdade para gostar”, ou “liberdade para não gostar da caça” mas também “liberdade para gostar”.

“Sim, meu caro António Costa, trata-se de uma tradição cultural e social que esse país deixará de existir num tempo muito próximo.”

Nos últimos dias, outras vozes têm falado sobre esta temática, como é caso de Miguel Sousa Tavares.

O comentador salientou que os “menores veem coisas piores nas redes sociais”.

A polémica com o IVA nas touradas, recorde-se, começou por causa das palavras da ministra da Cultura, que admitiu discutir em sede de especialidade do Orçamento um eventual alargamento dos espetáculos abrangidos pela redução do IVA de 13 por cento para seis por cento, mas excluiu a tauromaquia.

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